20 de setembro de 2015
Saímos de Vegas e fomos ao
Death Valley, chagamos lá já as vésperas do centro de informações turísticas fechar, pegamos mapas, descobrimos as trilhas e os lugares que gostaríamos de ir, pagamos o
camping e tiramos o fim do dia para dar uma geral no Barnabé.
Era noite já mas o calor ainda incomodava. Esse
camping tem toda estrutura para quem está com um
trailler (no que ficamos, existem outros 11
campings aqui, nem todos abertos e alguns sem estrutura que são gratuitos), mas nada de chuveiros no banheiro... (
Death Valley significa Vale da Morte, imagina se aqui tem muita água...). Meu desespero por um banho era enorme, ainda mais depois de já não ter tomado banho ontem. Quando anoiteceu e tudo o que se via eram estrelas e outras pessoas acampando mais afastadas, não tivemos dúvida, enchemos nossa "leiteira" (Para quem não tem ideia de como é esse nosso chuveiro,
veja aqui) com a água do
camping e nem precisamos esquentá-la, a água já vinha pelando da torneira... tomamos banho à luz das estrelas, torcendo para ninguém chegar de carro com farol na gente. No dia seguinte descobrimos uma placa que dizia que era para ser coletado toda água que fosse usada, mesmo a que fosse usada para lavar pratos para evitar a contaminação do meio-ambiente...ops, acho que banho também não podia... que bom que eu só descobri isso depois do banho =).
O calor sufocava e dormimos com todas as portas e janelas do Barnabé abertas e nosso ventilador na cara. A parte boa de viajar pelos parques daqui é que segurança nunca é um problema.
Para o dia seguinte o plano era madrugar, ver o nascer do sol em uma das trilhas e literalmente não morrer pelo calor. Nas trilhas, placas alertavam sobre risco de morte por calor extremo, histórias de pessoas que saíram para caminhar depois das 10 da manhã com pouca água, se perderam e o que sobrou deles foram achados somente alguns meses depois.
No dia seguinte meu sono foi maior e não levantamos antes das 7... Começamos a trilha no
Golden Trail antes das 8, muito tarde. Desistimos de fazer o
loop de 4 milhas (mais ou menos 6.5 km) com medo do calor que já estava ali começando a incomodar. Subimos e descemos morrinhos de textura estranha e paisagem estranhamente encantadora, nos perdemos, mas ainda bem, não por muito tempo.
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Death Valley, Golden Trail: paisagem única, muito calor e não muita coisa viva por lá. Mas aqui há animais e plantas que não existem em nenhum outro lugar, por exemplo, aqui existe um tal de Kangaroo Rat, um tipo de rato que consegue sobreviver sem tomar uma gota de água sequer. Ele consegue converter os carboidratos e gorduras das sementes que ele come em água (!!??). Aqui também tem peixinhos que são endêmicos daqui e aparecem em uma área onde o aquífero aflora... Achamos incrível a adaptação dos animais desse lugar, deve ser por isso que os animais daqui as vezes não são encontrados em nenhum outro lugar. |
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Death Valley, Golden Trail: esse é um dos lugares mais quentes do planeta. No verão, a temperatura facilmente ultrapassa os 49 graus Celsius durante o dia, refrescando aos 38C à noite. |
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Death Valley, Golden Trail: a temperatura média por aqui em julho é 46 graus Celsius em julho, mas máxima temperatura já registrada aqui foi 57 graus! |
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Death Valley, Golden Trail: Na ida ainda havia bastante sombra, na volta nem tanto... Corríamos nas partes da trilha com sol para encurtar o sofrimento do sol forte na pele.. |
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Death Valley, Golden Trail: O nome Death Valley ou Vale da Morte veio na época da corrida do ouro em 1849, Muitos dos aventureiros que fugiam da neve da Serra Nevada passavam por aqui, onde tropeçavam nesse deserto e perdiam animais, carroças e muitos deles perdiam a vida. Um desses aventureiros, já doente e após ser resgatado, virou-se e disse: "tchau, Vale da Morte". E parece que o nome realmente fez sentido, porque pegou... |
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Death Valley, Golden Trail: esse também é o lugar mais seco da América do Norte. A média de chuva por aqui é de menos de 5 cm ao ano. |
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Death Valley, Golden Trail |
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Death Valley, Golden Trail: Placa aconselhando a não entrar na trilha depois das 10 da manhã: Perigo extremo devido ao calor. |
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Death Valley, Badwater basin: o nome veio de um explorador muito desapontado que enfim achou água, mas logo percebeu que a água aqui era ruim ("bad water") para beber. Ele queria dar esta água para suas mulas beberem, mas percebeu que a água aqui era salgada. Ele escreveu no seu mapa "bad"water se referindo a essa área e o nome ficou. Nós também esperávamos mais desse lugar, mas pelo menos a trilha que fizemos mais cedo compensou. |
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Death Valley, Badwater basin: aqui também é um dos pontos mais baixos com relação ao nível do mar do hemisfério oeste. Para se ter terra assim seca, sem água abaixo do nível do mar é necessário que o clima seja extremamente seco (em climas úmidos, esses locais abaixo do nível do mar se encheriam com água). Esses pontos abaixo do nível do mar são criados por atividade sísmica, não por erosão causada por água. Neste ponto, 85.5 metros abaixo do nível do mar. |
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Death Valley, Badwater basin: essa parte meio branca, meio cinza da foto acima é sal (salt flats). Pelo que eu entendi, a água da chuva que escorre pelas montanhas vem para cá, o ponto mais baixo, e também é absorvida pelo solo e é adicionada ao reservatório de água subterrânea, que emerge aqui. A água que vem das montanhas vem carregada em minerais que foram dissolvidos das rochas e do solo. Aqui se formam lagos temporários, com alta concentração de sais minerais. Mas a velocidade de evaporação nessa área é estupidamente rápida. Dizem que a taxa de evaporação nesse Vale da Morte equivaleria a secar um lago com quase 4 metros de profundidade em um ano. Ao longo de milhares de anos, o resultado é essa camada de sal no terreno. Mas isso não é apenas sal, isso é borax, uma combinação do elemento boron com outros sais. O borax só é encontrado se vulcões tiverem adicionado lava rica em boro na mistura. |
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Death Valley |
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Death Valley: temperatura do nosso termômetro dentro do Barnabé: 50 C! |
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Death Valley, Artist's Pallete. |
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Death Valley, Zabriskie Point: aqui, em 1882 a mineração de borax era intensa. O borax dessa região foi descoberto na forma de salt flats (como o encontrado no Badwater pool), mas o minério assim na sua forma original era mais lucrativo. A extração durou apenas 10 anos e a ferrovia usada para o transporte de minérios passou a ser usada para transportar turistas. |
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Death Valley, Zabriskie Point |
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Death Valley, Mesquite Flat Dunes: tenho a impressão que essas dunas teriam sido fantásticas se eu tivesse ido um pouco mais longe. O Fe preferiu ficar no ar condicionado do carro e nem quis sair do Barnabé para ver as dunas por causa do calor... |
Saímos do
Death Valley em direção ao
Sequoia National Park. No caminho vimos uma placa:
"Avoid overheating, turn off AC" (evite superaquecimento, desligue o ar condicionado). Nossa, que dó desligar o ar condicionado com um calor daquele, mas a ideia de o motor fundir num deserto daqueles já era suficiente para não arriscarmos.
Passamos a noite em uma estradinha, saindo da estrada principal, e graças à Deus, saindo do clima do deserto. A estradinha de terra dava em um rio ótimo para quem precisa se reabastecer de água. Nos cozinhamos aqui à luz das estrelas e dormimos de graça sem nenhum medo.
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