domingo, 6 de dezembro de 2015

Escalante: Slot canyons, quando a largura dos ombros ainda é demais para passar por esses canyons.

1 de agosto de 2015


Hoje foi dia de andar no meio de canyons muito estreitos e fundos. As vezes tínhamos que andar de ladinho para poder passar no meio dos canyons já que nossos ombros eram largos demais para eles. Escalamos pedras, pulamos poças de lama, andávamos agachados. Para nós foi uma paisagem e uma trilha únicas. E o melhor, quase ninguém por perto.

Acordamos no Devil's Garden e seguimos pela estrada "Hole in the Rock", aquela que eu disse que era a do tipo "costelinha" e por mais 25km, sentimos nosso corpo todo vibrando.  Chegamos na entrada da trilha para os canyons e uma placa nos dizia que para continuar era necessário que o carro fosse alto (para não raspar o fundo do carro), e indicava a distância de 1 milha (1.6km). Concluímos que esse era o tanto que tínhamos que andar para chegar nos canyons, e que não tínhamos que levar muita água ou comida, porque afinal a trilha seria curta.

1.6 quilômetros mais tarde e concluímos que o nosso carro realmente não passaria ali, e que 1.6km era a distância da estrada de terra ruim até chegar ao início da trilha. Eram 11 horas da manhã e a temperatura só não nos sufocava porque andávamos no meio dos canyons estreitos.

No trajeto de volta, nada mais nos protegia do sol. Nossas gargantas queimavam de sede, nossa barriga roncava, o corpo começava a cansar, mas a sensação de andar em canyons tão estreitos, escalar  formas tão incríveis da natureza ainda me deixava em êxtase.

Escanalte, Dry Fork: o primeiro dos Slot canyon   que fomos (Slot Canyons são aqueles que são assim estreitinhos, são desenhados pela ação erosiva da água e são relativamente muito mais profundos que largos).

Escanalte, Dry Fork: a parte mais clara indica a altura da água nas últimas chuvas

Escanalte, Dry Fork: a trilha para chegar aqui inclui 1.6km andando na estrada + um trecho não muito longo de descidas moderadamente acentuadas sobre pedras e sobre areia. A trilha dentro do Dry Fork é bem fácil. Vimos 6 crianças menores de 10 anos nessa trilha.

Escanalte, Dry Fork

Escanalte, Dry Fork: vista de cima

Escanalte, Dry Fork
Escanalte, Dry Fork:  À esquerda, é possível perceber bem o material que forma esse canyon: areia. Ao longo dos milhares de anos a areia foi sedimentada e compactada, formando arenitos, que são encontrados nessa região toda. Esses canyons  são resultado da erosão de milhares de anos, que aos poucos "desprendem" os grãos de areia pela ação erosiva e esculpem a paisagem.
Escanalte, Dry Fork

Escanalte, Dry Fork

Moradores de lá.


Escalante, Peek-a-Boo: bem perto do Dry Fork está o Peek-a-Boo. O ínicio desse canyon não é nada trivial. na verdade eu e a Denise não conseguiríamos subir vários trechos se não tivéssemos qualquer tipo de ajuda. Na verdade, o começo desse canyon é cheio de escaladas com poucos lugares para apoiar os pés e as mãos. Uma botina de trilha aqui é um item essencial (e eu não tinha as minhas). depois de algumas partes bem desafiadoras nesse início de trilha, eu e a Denise concluímos  que essa trilha seria demais para nós. Deixamos o Biel ir na frente e esperaríamos por ele aqui mesmo.
Escalante, Peek-a-Boo: Acabou que nós duas odiamos a ideia dos outros conseguirem fazer alguma coisa legal e nós não. Então fomos nós duas atrás, decididas a tentar o máximo que conseguíamos. Para nós foi absolutamente hilário. Uma empurrava a bunda da outra buraco acima. Houve um momento que a Denise me puxou pelo braço e eu fui arrastando minhas costas pela parede de areia até conseguir subir em uma pedra muito alta para minhas perninhas. Puxávamos a outra pela perna, rolamos, subimos pedras para escapar de poças, pulamos em poças para conseguir chegar em outro lugar. Acho que poucas melhores amigas conseguem fazer coisas tão incríveis juntas, e sou muito grata por momentos como esse =)
Escalante, Peek-a-Boo: Aqui, a paisagem não é nada convencional.

Escalante, Peek-a-Boo

Escalante, Peek-a-Boo

Escalante, Peek-a-Boo: em alguns lugares o caminho era mais estreito que esse

Escalante, Peek-a-Boo: vista de cima do canyon. Fomos até o fim desse canyon (yes! conseguimos!). Nos sentimos muito orgulhosas de termos conseguido sem nenhuma ajuda masculina. Nesse meio tempo (que deveríamos estar esperando o Gabriel no ínicio da trilha), o Gabriel completou essa trilha e emendou uma outra, não muito longe dessa daqui chamada Spooky Slot Canyon. Resumo da história, o Gabriel voltou para o nosso ponto de encontro passando por outro canyon  e ainda assim ficou 20 minutos esperando por nós, preocupado com o nosso paradeiro. Segundo ele, esse terceiro canyon é ainda mais legal. Mas como estávamos verdes de fome e sede, resolvemos ir embora. Essa terceira trilha fica para quando eu voltar aqui com o Fe =)
No caminho de volta, essa é a paisagem, conseguem ver algum canyon  aqui?
E essa é a estrada de 1.6km que achávamos que seria tudo que teríamos que andar...
Ficamos bem felizes por ter conhecido esse lugar e mais ainda de chegar no carro. Virei 3 copos de água de uma vez assim que cheguei no carro. Tirei meu tênis e de lá saiu quase um castelo de areia. Descansamos e mais tarde seguimos viagem para o Petrified Forest. No caminho paramos em um posto e compramos vários doces com 50% de desconto. Depois fomos perceber que os doces estavam com data de validade de 1 ano atrás..

O Petrified Forest é um parque estadual, ou seja, nosso passe anual de acesso a parques não cobre este parque (só os parques nacionais). Ficamos em um camping na entrada da trilha para ver as árvores petrificadas, e a taxa já inclui a entrada no parque, um lugar para acampar e chuveiros. Eba! água quase a vontade! (os chuveiros tinham temporizador de 8 minutos, e a água só voltaria a correr pelo chuveiro depois de outros 5 minutos). Para minha sorte o temporizador estava quebrado e meu banho foi a vontade. Lá pela meia-noite voltei ao banheiro quando todos já deveriam estar dormindo para usar meu depilador elétrico sem ninguém por perto para me dar vergonha.... Coisas que se precisa fazer quando já não temos mais casa...

E amanhã, dia de conhecer as árvores petrificadas ...


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