domingo, 27 de dezembro de 2015

Troncos de madeira petrificados!

2 de agosto de 2015



Dia de conhecer a floresta petrificada (Petrified Forest State Park). Esse é um parque estadual, é interessante mas é bem pequeno comparado ao Petrified Forest National Park. Para quem nunca conheceu uma floresta petrificada e estiver pela área, essa é uma opção, mas não se compara com o Petrified Forest National Park (http://www.nps.gov/pefo/index.htm). 

Petrified Forest National Park: Há  milhões de anos atrás, essa região era formada por areia, argila e lama. Um rio passava por aqui, e de tempos e tempos ele alagava e levava com ele árvores, que eram arrastadas pela água, misturadas a muita lama e sedimentos. As árvores então foram soterradas e com o tanto de sedimentos na água, não tinha oxigênio para fazer sua decomposição...

... Na mesma época, erupções vulcânicas derramaram suas cinzas ricas em silica e outros minerais. A água então ficou saturada com esses minerais e se infiltrou na terra. Os minerais, ao longo dos milhares de anos, foram tomando o lugar dos componentes orgânicos da árvore, criando as florestas de madeira fossilizadas. A erosão de milhares de anos deixou  floresta fossilizada à mostra.
A cor preta indica a presença de carbono e magnésio. Os tons de vermelho, marrom, amarelo e verde indicam a presença de ferro. Rosa indica a presença de magnésio e tons de azul/verde podem indicar cromo, cobre e cobalto.

A parte de dentro de um tronco fossilizado...

... e a parte de fora do mesmo tronco. Notem que dá mai ou menos para ver a textura do tronco.
Estima-se que essas árvores tenham sido coníferas, mas elas não foram preservadas o suficiente para se ter certeza.
mais um tronco por dentro..

...e por fora...



A trilha vai de fácil à moderada e é bem pequena,  só tem uma subida íngreme no começo. São dois loops, o primeiro de  1 milha (1.6km)  e o segundo, de 0.75 milha (0.8km). Recomendo fazer o segundo também, já que os troncos maiores nós vimos no segundo loop.

Vista da trilha
Acabamos a trilha e passamos no centro de informações turísticas que fica dentro do camping mesmo para saber sobre o nosso próximo destino e vimos isso:  "abóboras e rabanetes orgânicos de graça". Nunca vimos esse legume antes e pegamos alguns para provar. A mulher do centro de visitantes nos explicou a forma de fazer. O Gabriel cozinhou para nós e ficou delicioso, era uma mistura de abobrinha e chuchu e era bem fresco. Parece que o produtor vende na feira local, e as sobras ele sempre deixa para o pessoal do camping.  Bom para nós,  devíamos ter pego muito mais =)

Campground onde acampamos na entrada do parque: Lá se pode acampar na beira do lago.

Tomamos mais um banho para ser nosso banho do dia (vai saber onde iríamos dormir à noite!) e seguimos rumo ao Bryce Canyon, mais um dos nossos lugares favoritos com pedras pontudas esculpidas pelo tempo. 

Acabamos achando uma floresta nacional para dormimos de graça na entrada do Bryce Canyon. Para quem vai acampar é uma economia de $20-$30 dólares a diária. E esses campings também não tem chuveiro ou banheiros com esgoto.

Mias sobre o Bryce Canyon no próximo post! Até lá =) 

domingo, 6 de dezembro de 2015

Escalante: Slot canyons, quando a largura dos ombros ainda é demais para passar por esses canyons.

1 de agosto de 2015


Hoje foi dia de andar no meio de canyons muito estreitos e fundos. As vezes tínhamos que andar de ladinho para poder passar no meio dos canyons já que nossos ombros eram largos demais para eles. Escalamos pedras, pulamos poças de lama, andávamos agachados. Para nós foi uma paisagem e uma trilha únicas. E o melhor, quase ninguém por perto.

Acordamos no Devil's Garden e seguimos pela estrada "Hole in the Rock", aquela que eu disse que era a do tipo "costelinha" e por mais 25km, sentimos nosso corpo todo vibrando.  Chegamos na entrada da trilha para os canyons e uma placa nos dizia que para continuar era necessário que o carro fosse alto (para não raspar o fundo do carro), e indicava a distância de 1 milha (1.6km). Concluímos que esse era o tanto que tínhamos que andar para chegar nos canyons, e que não tínhamos que levar muita água ou comida, porque afinal a trilha seria curta.

1.6 quilômetros mais tarde e concluímos que o nosso carro realmente não passaria ali, e que 1.6km era a distância da estrada de terra ruim até chegar ao início da trilha. Eram 11 horas da manhã e a temperatura só não nos sufocava porque andávamos no meio dos canyons estreitos.

No trajeto de volta, nada mais nos protegia do sol. Nossas gargantas queimavam de sede, nossa barriga roncava, o corpo começava a cansar, mas a sensação de andar em canyons tão estreitos, escalar  formas tão incríveis da natureza ainda me deixava em êxtase.

Escanalte, Dry Fork: o primeiro dos Slot canyon   que fomos (Slot Canyons são aqueles que são assim estreitinhos, são desenhados pela ação erosiva da água e são relativamente muito mais profundos que largos).

Escanalte, Dry Fork: a parte mais clara indica a altura da água nas últimas chuvas

Escanalte, Dry Fork: a trilha para chegar aqui inclui 1.6km andando na estrada + um trecho não muito longo de descidas moderadamente acentuadas sobre pedras e sobre areia. A trilha dentro do Dry Fork é bem fácil. Vimos 6 crianças menores de 10 anos nessa trilha.

Escanalte, Dry Fork

Escanalte, Dry Fork: vista de cima

Escanalte, Dry Fork
Escanalte, Dry Fork:  À esquerda, é possível perceber bem o material que forma esse canyon: areia. Ao longo dos milhares de anos a areia foi sedimentada e compactada, formando arenitos, que são encontrados nessa região toda. Esses canyons  são resultado da erosão de milhares de anos, que aos poucos "desprendem" os grãos de areia pela ação erosiva e esculpem a paisagem.
Escanalte, Dry Fork

Escanalte, Dry Fork

Moradores de lá.


Escalante, Peek-a-Boo: bem perto do Dry Fork está o Peek-a-Boo. O ínicio desse canyon não é nada trivial. na verdade eu e a Denise não conseguiríamos subir vários trechos se não tivéssemos qualquer tipo de ajuda. Na verdade, o começo desse canyon é cheio de escaladas com poucos lugares para apoiar os pés e as mãos. Uma botina de trilha aqui é um item essencial (e eu não tinha as minhas). depois de algumas partes bem desafiadoras nesse início de trilha, eu e a Denise concluímos  que essa trilha seria demais para nós. Deixamos o Biel ir na frente e esperaríamos por ele aqui mesmo.
Escalante, Peek-a-Boo: Acabou que nós duas odiamos a ideia dos outros conseguirem fazer alguma coisa legal e nós não. Então fomos nós duas atrás, decididas a tentar o máximo que conseguíamos. Para nós foi absolutamente hilário. Uma empurrava a bunda da outra buraco acima. Houve um momento que a Denise me puxou pelo braço e eu fui arrastando minhas costas pela parede de areia até conseguir subir em uma pedra muito alta para minhas perninhas. Puxávamos a outra pela perna, rolamos, subimos pedras para escapar de poças, pulamos em poças para conseguir chegar em outro lugar. Acho que poucas melhores amigas conseguem fazer coisas tão incríveis juntas, e sou muito grata por momentos como esse =)
Escalante, Peek-a-Boo: Aqui, a paisagem não é nada convencional.

Escalante, Peek-a-Boo

Escalante, Peek-a-Boo

Escalante, Peek-a-Boo: em alguns lugares o caminho era mais estreito que esse

Escalante, Peek-a-Boo: vista de cima do canyon. Fomos até o fim desse canyon (yes! conseguimos!). Nos sentimos muito orgulhosas de termos conseguido sem nenhuma ajuda masculina. Nesse meio tempo (que deveríamos estar esperando o Gabriel no ínicio da trilha), o Gabriel completou essa trilha e emendou uma outra, não muito longe dessa daqui chamada Spooky Slot Canyon. Resumo da história, o Gabriel voltou para o nosso ponto de encontro passando por outro canyon  e ainda assim ficou 20 minutos esperando por nós, preocupado com o nosso paradeiro. Segundo ele, esse terceiro canyon é ainda mais legal. Mas como estávamos verdes de fome e sede, resolvemos ir embora. Essa terceira trilha fica para quando eu voltar aqui com o Fe =)
No caminho de volta, essa é a paisagem, conseguem ver algum canyon  aqui?
E essa é a estrada de 1.6km que achávamos que seria tudo que teríamos que andar...
Ficamos bem felizes por ter conhecido esse lugar e mais ainda de chegar no carro. Virei 3 copos de água de uma vez assim que cheguei no carro. Tirei meu tênis e de lá saiu quase um castelo de areia. Descansamos e mais tarde seguimos viagem para o Petrified Forest. No caminho paramos em um posto e compramos vários doces com 50% de desconto. Depois fomos perceber que os doces estavam com data de validade de 1 ano atrás..

O Petrified Forest é um parque estadual, ou seja, nosso passe anual de acesso a parques não cobre este parque (só os parques nacionais). Ficamos em um camping na entrada da trilha para ver as árvores petrificadas, e a taxa já inclui a entrada no parque, um lugar para acampar e chuveiros. Eba! água quase a vontade! (os chuveiros tinham temporizador de 8 minutos, e a água só voltaria a correr pelo chuveiro depois de outros 5 minutos). Para minha sorte o temporizador estava quebrado e meu banho foi a vontade. Lá pela meia-noite voltei ao banheiro quando todos já deveriam estar dormindo para usar meu depilador elétrico sem ninguém por perto para me dar vergonha.... Coisas que se precisa fazer quando já não temos mais casa...

E amanhã, dia de conhecer as árvores petrificadas ...


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Escalante: mais paisagens inusitadas


29 de julho a 1 de agosto de 2015



Começa a parte da viagem em que o Fe não mais viaja conosco até eu ir para o Brasil ver meus pais no meio de agosto e o Fe acabar o projeto dele em setembro. Como eu mencionei no post anterior, eu sigo viajando com a Denise e o Gabriel, no camelão =)


Ao norte de Capitol Reef National Park

Jerusalem Cricket: em português seria grilo de Jerusalém traduzindo ao pé-da-letra, ironicamente isso não é um grilo e também não é de Jerusalém. Eu até achei que tinha visto um bicho novo porque nenhum ranger em 3 centros de informações turísticas alguma vez já tinha visto esse bicho antes, até um deles finalmente quebrar o mistério e nos contar como esse bichinho estranho é até interessante: Esse bichinho simpático as vezes come sua comida com um cisto de um parasita chamado horseworm,  esse parasita emerge assim que entra no intestino do "grilo de Jerusalém". Quando o parasita chega a sua maturidade, ele causa uma sede extrema no hospedeiro. Assim que o hospedeiro acha água, o parasita sai do hospedeiro pela boca ou até explode o abdômen do hospedeiro! eca. Na água, o verme tenta achar um parceiro para se reproduzir.  Esse parasita não oferece perigo a humanos ou animais domésticos. Ele gosta mesmo é de grilos e falsos-grilos. Para ver a larva saindo de um grilo, veja  abaixo:


Ao norte de Capitol Reef National Park
No caminho, paramos em um centro de informações em Torrey. Perguntei se ela sabia de algum  dispersive camping  por ali. A senhora abriu um sorriso e nos disse: "vocês vão me amar por isso!". E voltou com um mapa gigante com todos as florestas nacionais e BLMs (bureau of land management), parques nacionais e estradas de Utah, o estado americano que estamos agora. UAU, esse não é um mapa qualquer, esse é basicamente um mapa de onde dormir de graça nos Estados Unidos se você acampa ou dorme no seu veículo. Ela estava certa, amamos essa senhora!

Escalante, Lower Calf Creek Falls Trail: a trilha é fácil, praticamente sem subida, mas com muita areia e como todos os lugares por aqui, com pouca sombra e muito calor.

Escalante, Lower Calf Creek Falls Trail: começamos a trilha ao meio-dia, um horário estúpido para se começar uma trilha com o calor que faz aqui em julho, recomendo ir mais cedo....
Escalante, Lower Calf Creek Falls: chegamos e antes de bater o olho nessa cachoeira linda, batemos o olho em uma bunda bem branca de uma mulher tirando o biquíni molhado e se trocando em um tronco de árvore sem nenhum pudor. E depois brasileiro que é sem-vergonha!
Escalante, Lower Calf Creek Falls:  olhamos para trás e vimos essa placa de "proibido fazer cocô no mato" (mesmo!??)

E no meio da trilha para a cachoeira..... conseguem ver?
uma cobrinha simpática, provavelmente uma Gopher Snake
Continuamos dirigindo um pouco mais até chegar no Devil's Garden. O acesso se dá por uma estradinha de terra do tipo "costelinha" por uns 20km. A parte boa é que lá quase não tem turistas, e o lugar é fantástico. Melhor ainda para nós, o Escalante faz parte de uma BLM, e basta preencher um formulário de autorização em qualquer centro de visitantes do parque ou mesmo na entrada da trilha do Devil's Garden e se pode dormir aqui de graça, com uma vista fantástica e um banheiro químico.

Escalante, Devil's Garden:  Essa paisagem peculiar é resultado de milhões de anos de erosão, esculpindo a areia sedimentada e consolidada. 
Escalante, Devil's Garden
Escalante, Devil's Garden
Escalante, Devil's Garden

Escalante, Devil's Garden

Escalante, Devil's Garden
Escalante, Devil's Garden
Escalante, Devil's Garden

Escalante, Devil's Garden

Escalante, Devil's Garden
Escalante, Devil's Garden e o Camelão. Aqui dormimos legalmente, de graça, e com essa vista...

e esse por-do-sol =)