sábado, 23 de julho de 2016

Dia de cruzar a fronteira para o Mexico!

25 e 26 de setembro de 2015

 

Dia de cruzar a fronteira para o México!, só que não.

Nosso plano hoje era enfim cruzar a fronteira para o México! Então já que não poderíamos cruzar a fronteira com o tanto de carne, vegetais e frutas que tínhamos, decidimos fazer um churrasco com vegetais cozidos as 10 da manhã, que foi quando achamos uma área de descanso com umas mesas e uma sombrinha.

Comer um churrasco as 10 da manhã foi estranho, talvez por isso meu corpo tenha reclamado...e embora eu tenha ficado doente com fatores nada relacionados com comida, minha energia acabou em Ocean Side, San Diego. Lá passamos o dia em um hotel da rede Best Western. Nós, já acostumados a dormir no Barnabé ou ao ar livre, achamos horrível sentir o cheiro de mofo dar coceira no nariz se o ar condicionado não estivesse ligado. Achamos o atendimento de lá bastante ruim e ficamos bem felizes ao deixar os Estados Unidos no dia seguinte depois de muitos meses viajando por lá.

Ai caramba! México lá vamos nós!

Tijuana: México lá vamos nós!
A fronteira do México não poderia ser mais confusa. Nos deixou mais preparados para o que encontraríamos no México, que amamos, mas claro, não se pode ver com os mesmos olhos que olham para os Estados Unidos. A beleza aqui não é como as coisas funcionam bem e são bem organizadas ou como é barato comprar bens manufaturados. A beleza aqui está na simplicidade e na facilidade deste povo em ajudar ao próximo, em acolher um desconhecido, em dar um jeito de driblar a pobreza e a falta de recursos e também na natureza linda deste lugar e na riqueza cultural.

Como tudo funciona na fronteira é impressionante. Não funciona. Pelo menos não para quem não é mexicano. Chegamos na fronteira por Tijuana, e um agente vai encaminhando as pessoas da fila para "baías" onde você aperta um botão, que tem a função de selecionar aleatoriamente quem vai ser revistado ou não. Nós não fomos selecionados, mas o agente olhou para o Barnabé e decidiu que nossa van deveria ser inspecionada pelo tanto de tralha que carregávamos. Putz, será que isso significaria tirar tudo do carro?? Íamos ficar o dia todo tirando coisas do barnabé se esse fosse o caso...

Para a nossa sorte, a inspeção era por raio-x! O carro entra num aparato que faz o raio-x e pronto! Foi rápido e fácil, nos surpreendeu positivamente. Nos liberaram e quando percebemos, estávamos no México. Ninguém pediu passaporte, ninguém pediu para ver os documentos do Barnabé, ninguém perguntou quanto tempo ficaríamos ou o que viemos fazer, nada de passar pela imigração e já estávamos no México rodando junto aos carros velhos e as casas pobres da fronteira, nos perguntando CADÊ A IMIGRAÇÃO???

Mas tínhamos plena ciência de que precisávamos achar a imigração para fazer a papelada de importação do Barnabé, ao contrário não poderíamos sair com o carro depois sem dores de cabeça. E claro, também precisávamos de vistos para a nossa entrada no pais.

Hoje quando saímos dos Estados Unidos tínhamos em mente sair cedo para caso houvesse contra-tempos na imigração do México, ainda nos restasse tempo suficiente para ir atrás de um lugar para dormir. Foi uma decisão sábia.

Vai soar exagerado, mas rodamos umas 3 horas indo e vindo naquela cidade atrás do posto de imigração. Placas? Claro que não. Pessoas diferentes nos davam informações diferentes de onde ir. Nosso guia indicava um local, mas aparentemente aquele lugar já tinha fechado e mais tarde descobrimos que o lugar era antes de fazermos o raio-x, e não vimos. Resolvemos ir até o aeroporto para ver se eles sabiam de algo, mas também nos mandaram para um lugar X, que não fazia nada relacionado.

Tentando chegar em um desses lugares que nos indicaram, decidimos perguntar, de dentro do Barnabé, para um carro também parado no semáforo. Por coincidência era uma viatura policial do estilo caminhonete. A policial carregava 4 crianças menores de 7 anos amontoadas no banco da frente e calmamente e detalhadamente nos explicou para onde seguir. O semáforo abriu e a policial continuou explicando com a maior calma. Os carros atrás buzinando e nós já não conseguindo prestar atenção no que ela falava. Quando o volume das buzinas aumentou ela ligou a sirene, os carros pararam de buzinar e ela continuou explicando calmamente. Ficamos ao mesmo tempo positiva e negativamente impressionados.

Um pouco depois, ainda tentando achar essa imigração acabamos chegando na imigração para entrar novamente em território americano por uma via secundária. Putz, imagina querer entrar nos Estados Unidos pelo México com o tanto de coisas que estávamos carregando!?  E ainda explicar o porque estávamos entrando nos Estados Unidos 1 hora depois de termos saído dele... Como a rua que viemos era uma rua secundária com pouco movimento, paramos para discutir sobre nossas opções (mais ou menos como: putzzz, f***! e agora???). Nisso um mexicano mal vestido de muletas  se aproximou perguntando para onde íamos.

Eu, brasileira de Guarulhos, sempre desconfio e penso duas vezes se eu respondo a esse tipo de pergunta. Uma porque em Guarulhos agente sempre pensa que vão te sequestrar, assaltar ou qualquer coisa do tipo e também porque ainda não havíamos estado no México e eu estava me perguntando se no México era como no Marrocos, que as pessoas oferecem ajuda e depois estendem a mão querendo dinheiro, mesmo que não tenham te ajudado em nada. Ainda bem que o Fe é menos preconceituoso que eu e respondeu à pergunta. E ele disse: não mas aqui é para entrar nos Estados Unidos, se você não quer ir para lá, volte por essa rua que você veio, mas devagarinho, porque essa rua é contra-mão. Novamente pensamos nas nossas opções, que a essa altura se resumiam a voltar para os EUA ou pegar a contra-mão em um país desconhecido.

Pelo trânsito caótico que vimos até então foi fácil decidir: contra-mão. O muchacho de muletas dizia: vai de frente mesmo, quer que eu peça para um menino ir na frente? Mas dispensamos o menino, agradecemos o muchacho de muletas que não pediu dinheiro nenhum e seguimos cautelosamente na contra-mão, sem problemas.

Muitas informações depois e achamos o escritório em que poderíamos tirar os nossos vistos (23 dólares por pessoa nos dava o direito de ficar 180 dias no país. E lá, uma muchacha nos deu orientações precisas de como chegar no escritório em que poderíamos importar nosso carro. Achamos curioso que a explicação dela incluía um posto de gasolina rosa. Depois descobrimos o porque. Os postos lá são todos da Pemex, sempre com a mesma fachada e preço, não sei bem como aquele posto rosa se mantem por lá.

Chegamos onde ela nos havia apontado e não achamos. COMO É DIFÍCIL ACHAR AS COISAS NESSES PAÍS!!! Já estávamos irritados outra vez, quando outro muchacho me viu tentando abrir a porta de um prédio, nos viu perdidos igual a uma barata tonta, e nos apontou para onde deveríamos ir. Enfim! Entregamos as cópias e as originais da carteira de motorista do Fe, documento do carro e um formulário, 59 dólares americanos de taxa e mais 200 dólares que só seriam devolvidos quando saíssemos do país e voilá! 3 horas depois e 359 dólares mais pobres e pudemos seguir viagem.

Nossa impressão do México até aqui é uma imagem parecida do Brasil dos anos 80/90. Além da desorganização, as pessoas dirigem como loucas, até quase batemos hoje. As rodovias até então muito esburacadas e mal planejadas, que as vezes parecia que o carro ia sair voando. E esse povo adora uma lombada, Virgem Santa! E claro, aqui parece que se pode fazer o que quiser, mesmo que não seja permitido. Mas em contra-partida os mexicanos são muito amigáveis e prontos a ajudar sem pedir dinheiro em troca, não só respondem quando perguntamos, mas também nos oferecem ajuda sem pedirmos (e isso foi não só para orientações do que fazer/ para onde ir, como também até trazer papel higiênico para o banheiro no escritório de vistos porque ela sabia que lá não tinha, claro, são pequenos gestos, mas que você não encontra em muitos países por ai..)

Também vimos vários carrinhos vendendo comida de rua que estamos loucos para provar! Amanhã vamos nos encher dessas besteiras!

O sttress passou e é hora de novo de achar um lugar para dormir. No fim da tarde achamos um camping a beira -mar, um lugar lindo! Decidimos ir ver como e quanto era: 17 doletas com chuveiro para banho, ótimo! Deve ser caro para o padrão mexicano, mas o público é essencialmente norte-americano e para quem vem dos Estados Unidos é muito barato =) a vista era sensacional. Paramos em uma vaga que dava acesso direto para a praia.

Salsipuedes Bay, Baja California Norte, Playa Saldamando Campground: Entrada do camping.
Salsipuedes Bay, Baja California Norte, Playa Saldamando Campground: onde acampamos, de frente para a praia.

Salsipuedes Bay, Baja California Norte, Playa Saldamando Campground: nosso quintal hoje.

Salsipuedes Bay, Baja California Norte, Playa Saldamando Campground: de um lado o mar, do outro, deserto.

Salsipuedes Bay, Baja California Norte, Playa Saldamando Campground: retrato da felicidade para nós.

Absolutamente ninguém no camping ou na praia. Estacionamos, larguei minha máquina no carro aberto, tirei o vestido e fiquei de calcinha e sutiã na praia e o Fe de cueca! Pura sensação de liberdade sem nos preocupar com alguém roubando nosso carro ou com alguém nos vendo. Vimos o pôr-do-sol deitados na areia. Sem preço.

Depois chegou a hora do banho, e esse me decepcionou muito. A água era fria. Entrei no banho e pensei: vou tirar o sal do meu sutiã e da minha calcinha primeiro, e comecei a lavar. Nisso o Fe gritou do banheiro ao lado: essa água é salgada!

Droga... molhei mais ainda minhas coisas e acho que eu só coloquei mais sal nelas. O banho foi frio e salgado, então não gostei. Parece que a água vem da cunha salina, então fica menos salgada na época das chuvas.

Jantamos com a luz das estrelas e dormimos com o murmurar do mar, valeu a dor de cabeça do dia e o banho frio salgado.




sábado, 25 de junho de 2016

SixFlags, Los Angeles e Hollywood

23 de setembro de 2015





Dia de conhecer o SixFlags!  Minha dica, compre antes pela internet. Estávamos tentando comprar pela internet um dia antes mas só dava erro na hora de comprar. A diferença era pagar 52 dólares pela internet por pessoa vs 76 na hora. E prepare-se para o estacionamento: 20 doletas para largar o carro no sol.

Na hora caímos na besteira de fazer o passe anual, que era o mesmo preço que uma entrada. Aquela velha esperança de "vai que um dia agente vá estar por aqui". Claro que nunca mais vamos voltar para lá mas pegamos uma fila enorme para cadastrarmos o passe anual antes de podermos entrar.

O parque é essencialmente um parque de montanhas russas. De todos os tipos, para ir de pé, sentado, de costas, paralelo ao chão, meio rápido, muito rápido. Gostamos bastante!

E claro, prepare-se para as filas. Chegamos no parque 2 horas antes de abrir e já havia uma fila de carros, para entrar no parque as pessoas se amontavam e quase se empurravam. Os dois ou três primeiros brinquedos não pegamos quase fila, depois começamos a esperar em média 1h30/ 2 horas  na fila para ir em uma atração. As pessoas guardavam lugares na fila e cortavam a fila como em qualquer país latino-americano, mesmo com as placas avisando que esse tipo de atitude poderia levar à expulsão do parque.

Uma atração interessante foi o do Superman, em 400 metros de trilho, o carrinho pega velocidade e sobe a uma altura de 126 metros e 90 graus de inclinação, que ele desce a 150 km/h! O cara que sentou do lado do Fe começou a tremer horrores, o Fe disse que parecia que ele tava tendo um ataque epilético de tanto que ele tremia. O Fe ficou tão preocupado com ele que nem aproveitou o brinquedo direito (depois de mais de 2 horas na fila)...

SixFlags!: Não levamos nenhum celular nem camera... então não temos muitos registros..

SixFlags!: Chegamos as 8:30, 2 horas antes de o parque abrir e já tinha essa fila...



Esse vídeo não é nosso, mas mostra um dos brinquedos que eu mais gostei: Tatsu!

Saindo do parque fomos procurar por uma floresta nacional para dormir, mas não conseguimos encontrar nenhum. Perguntamos para um policial e ele disse que todos as florestas nacionais da região foram desativados por conta do vandalismo. A proximidade com uma cidade grande fazia dessas florestas um lugar conveniente para jovens marcarem baladas e ficarem doidões. Acabamos o dia em um Walmart outra vez tomando banho de adstringente.

24 e 25 de setembro de 2015

Acordamos e fomos para Los Angeles, sentido Hollywood, pegamos bastante trânsito às 8 da manhã, as 8 faixas que levavam para lá estavam paradas.

Hollywood nos decepcionou bastante. A calçada da fama nada mais é do que estrelas com os nomes dos famosos em frente a mais lojas decadentes do que esperávamos ver. E no nosso limitado conhecimento no assunto, não reconhecíamos a maior parte dos nomes hehe.

A parte com nomes, mensagens e marcas de mãos e pés é legal pela ideia, mas certamente esperávamos mais. Muitos deles agradeciam um tal de Sid, que só depois fui descobrir que é o dono do teatro chinês que cedeu o espaço para isso...

Na volta, mais trânsito para chegar ao museu de história natural.


Caminho para Los Angeles/ Hollywood: parecia São Paulo: tudo travado!

Hollywood, Calçada da Fama
Hollywood, Calçada da Fama

Hollywood, pegadas e mensagens em frente ao Teatro Chinês





E esse é o teatro chinês...e as pegadas... muito menos do que eu esperava.


Hollywood, dentro de alguma loja de souvenirs



Lembra dessa placa ai de algum filme?



Museus de História Natural de Los Angeles: exposição bem legal sobre dinossauros. Mas a parte que mais me interessou nesse museu é sobre a história de Los Angeles e parte da história americana: No seu auge, o sistema de transporte público de Los Angeles era considerado o melhor do mundo. O sistema de transporte público cobria cerca de 1000 milhas de trilhos na região, ligando as regiões do sul da Califórnia ao centro. Em 1930, um grupo de companhias de carros, pneus e combustível formou uma empresa que comprou e desmantelou o sistema de transporte coletivo no país. Em 1960, o que sobrou do sistema de transporte coletivo em Los Angeles foi abandonado em favor do interesse privado. 

Museus de História Natural de Los Angeles: outra parte que me interessou nesse museu, a parte dos dinossauros, foi saber que Los Angeles teve que construir um aqueduto de 235 milhas (quase 380km) para trazer água para a cidade de Owens Valley, em 1913. Ainda hoje, 90% da água de L.A. é importada, e metade dela é usada para irrigar gramados como campos de golf.

e por último, ganhamos um cartão desses por lá, para comprar maconha e te entregarem... Esse mundo tá moderno demais para o meu gosto...

Passamos ainda por Malibu, que não salvou nenhuma foto das que eu tirei. Sinceramente, não sei porque esse lugar é tão famoso. Certamente não é pelas belezas naturais.  O camping lá custava 45 dólares e nem os chuveiros estavam inclusos no preço. Pagamos, fizemos o check-in, pagamos pelo banho e chegamos a conclusão que não valia ficar lá, já que não achamos nada de interessante na área. Pedimos o refund (na América do Norte é bem comum você comprar alguma coisa, se arrepender e pedir o dinheiro de volta) e seguimos adiante, sentido San Diego e depois México! 

Agora já de banho tomados, qualquer lugar é lugar para estacionar o Barnabé, basta ser seguro. Mas chegando mais perto da fronteira com México, dormir em Walmarts não parece mais ser uma opção. Tentamos dois e não nos deixaram ficar em nenhum deles. Por fim fomos a um parque estadual (Goat Hill Park) e desistimos de dormir dentro dele ao preço de 60 dólares. Acabamos nos juntando aos traillers e outras vans que estavam estacionadas na entrada do parque.

Resumindo: gostei daqui menos do que gostei de Las Vegas. Los Angeles, e especialmente Hollywood não me impressionaram nada, exceto pelo museu de História Natural, que foi bem legal. A cidade parece ter trânsito o tempo todo, as pessoas são mal-educadas, a cidade não é tão limpa e também não dá a sensação de segurança. Malibu e Santa Monica não tem nada de tão bonito para serem tão famosas, na minha opinião. Mas como eu disse com relação a Las Vegas, tem gosto para tudo... Essas cidades só não fazem meu tipo, mas muita gente ama!


sábado, 18 de junho de 2016

Sequoia National Park: parque de árvores gigantes!


21 e 22 de setembro de 2015




Hoje eu recebi a notícia de que fui aprovada para fazer a prova para tirar a minha cidadania canadense! Nossos planos agora mudaram por causa disso e temos que definir logo onde vamos estar até o dia 4 de outubro, para dar tempo de voltar para o Canadá para fazer a prova. Nossa viagem  partir de agora será bem mais acelerada!

Tiramos o dia para trocar os 4 pneus do Barnabé antes de passarmos para o México, fazer um check-up geral no carro e seguir para o Sequoia National Park. Do centro de informações turísticas na entrada do parque até o camping demoramos 1 hora subindo, subindo, subindo... e encontramos até um filhote de urso que pareceu ter tomado um rola no caminho.


Sequoia National Park: e um filhote de urso cruzou nosso caminho..

Sequoia National Park: e acho que ele tomou um rola...
Escolhemos o Lodgepole Campground porque tinha chuveiros, mas devido à seca os chuveiros estavam fechados. Que raiva! Lá fomos nós tomar banho de adstringente de novo... =(

De manhã fomos fazer uma trilha pelo parque e passamos pela maior árvore do mundo em volume, a Sherman Tree.

Sequoia National Park, Sherman Tree: essa  árvore é famosa por ser a maior árvore do mundo em volume do seu tronco. Segundo o parque, várias árvores são mais altas, mas nenhuma tem mais madeira do que essa aí.

Sequoia National Park, Sherman Tree: 83.8 metros de altura e 33 metros de circunferência na base.

Sequoia National Park: o que nos decepcionou um pouco nesse parque é que não havia muitas árvores gigantes uma do ladinho da outra como em Elk Prairie, que fomos de bike a uns meses atrás e vimos as primas das sequoias, as Coast redwoods. Mas pode ser porque nossa expectativa para o Sequoia National Park estivesse alta demais. 

Sequoia National Park, Tunnel Tree: forma mais fácil de abrir passagem na trilha =)

Sequoia National Park: o sistema de raízes dessas plantas é intrigante. Elas são relativamente superficiais, pouco profundas, especialmente se comparado ao tamanho dessas árvores. No solo, elas podem se alastrar por 60-90 metros em direção à água.

Sequoia National Park, Room Tree: dentro de uma caverna? não, dentro de uma árvore!

Sequoia National Park: à esquerda uma árvore caída, à direita uma árvore viva.

Sequoia National Park: um dos poucos lugares nesse parque que achamos com várias árvores gigantes uma do ladinho da outra.

Sequoia National Park

Sequoia National Park: estima-se que a sequoias mais velhas do parque tenham entre 1800 e 3000 anos de idade!

Sequoia National Park, Pillars of Hercules: as árvores são gigantes porque possuem um ótimo sistema de defesa e raízes extensivas que vão longe atrás da água, mesmo não sendo fundas, elas crescem ao longo da superfície. O tronco possui componentes químicos (tannins) que afastam os insetos e os fungos e as torna mais resistentes as doenças. As fibras do tronco também possuem um tipo de isolamento contra o fogo e não queimam facilmente.

Sequoia National Park

Sequoia National Park, Black Arch: pelo buraco de uma árvore viva  (abaixo)

Sequoia National Park, Black Arch: houve um tempo nesse parque em que árvores gigantes de 2000 anos eram cortadas pelo risco delas caírem sobre cabines de aluguel para turistas. Hoje esse tipo de atitude é inaceitável em um parque nacional, que preza mais pela preservação da natureza que para o turismo.

Sequoia National Park: As sequoias crescem no chamado Sequoia Belt, ou cinturão das sequoias traduzindo ao pé da letra. A cima de 2290 metros de altitude é geralmente muito frio para eles crescerem, e abaixo de 1520 metros de altura, é muito seco, o que restringe as condições favoráveis para o seu crescimento ao "cinturão".

Hungry Valley State Vehicular Recreation Area: O fim da tarde se aproximava e necessitávamos de um lugar para parar o Barnabé e dormir. Achamos um camping sem estrutura nenhuma e não queríamos pagar, especialmente agora que sabemos os locais para se dormir de graça nos Estados Unidos, só queremos pagar quando o lugar oferece água ou chuveiros. Na maior cara-de-pau eu perguntei para o dono do camping se não havia algum outro lugar por ali que tivesse chuveiros, ou se existia um parque nacional por ali para dormimos de graça. E ele nos indicou um lugar =). No fim não tivemos certeza se paramos no lugar que ele disse ou não, mas gostamos de como o lugar era tranquilo e como a paisagem era bela.

Hungry Valley State Vehicular Recreation Area: Aqui armamos nossa mesa, cozinhamos, tomamos banho pelados a luz das estrelas aproveitando a quietude do lugar. 5 minutos depois do banho vimos 2 quadriciclos passando por nós e indo para as dunas não muito longe de onde estávamos. Foi por pouco que não nos viram tomando banho! hahaha. Mas ficamos um pouco com medo daquilo, não imaginávamos o que 2 quadriciclos poderiam estar fazendo àquela hora da noite lá. Mas no dia seguinte, quando nos expulsaram um pouco depois que tomamos nosso café da manhã descobrimos: ali é o terceiro maior parque para veículos de recreação off-road do Estado da Califórnia, são mais de 130 milhas de estradinhas para todos os OHV (Off-Highway Vehicle). Na hora de sair pagamos 10 dólares por usar a área, mas pelo menos dormimos em uma paisagem bonita, mas pelo jeito não era permitido acampar por lá... ops

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Death Valley: o deserto do Vale da Morte

20 de setembro de 2015





Saímos de Vegas e fomos ao Death Valley, chagamos lá já as vésperas do centro de informações turísticas fechar, pegamos mapas, descobrimos as trilhas e os lugares que gostaríamos de ir, pagamos o camping e tiramos o fim do dia para dar uma geral no Barnabé.

Era noite já mas o calor ainda incomodava. Esse camping tem  toda estrutura para quem está com um trailler (no que ficamos, existem outros 11 campings aqui, nem todos abertos e alguns sem estrutura que são gratuitos), mas nada de chuveiros no banheiro... (Death Valley significa Vale da Morte, imagina se aqui tem muita água...). Meu desespero por um banho era enorme, ainda mais depois de já não ter tomado banho ontem. Quando anoiteceu e tudo o que se via eram estrelas e outras pessoas acampando mais afastadas, não tivemos dúvida, enchemos nossa "leiteira" (Para quem não tem ideia de como é esse nosso chuveiro, veja aqui) com a água do camping e nem precisamos esquentá-la, a água já vinha pelando da torneira... tomamos banho à luz das estrelas, torcendo para ninguém chegar de carro com farol na gente. No dia seguinte descobrimos uma placa que dizia que era para ser coletado toda água que fosse usada, mesmo a que fosse usada para lavar pratos para evitar a contaminação do meio-ambiente...ops, acho que banho também não podia... que bom que eu só descobri isso depois do banho =).

O calor sufocava e dormimos com todas as portas e janelas do Barnabé abertas e nosso ventilador na cara. A parte boa de viajar pelos parques daqui é que segurança nunca é um problema.

Para o dia seguinte o plano era madrugar, ver o nascer do sol em uma das trilhas e literalmente não morrer pelo calor. Nas trilhas, placas alertavam sobre risco de morte por calor extremo, histórias de pessoas que saíram para caminhar depois das 10 da manhã com pouca água, se perderam e o que sobrou deles foram achados somente alguns meses depois.

No dia seguinte meu sono foi maior e não levantamos antes das 7... Começamos a trilha no Golden Trail antes das 8, muito tarde. Desistimos de fazer o loop de 4 milhas (mais ou menos 6.5 km) com medo do calor que já estava ali começando a incomodar. Subimos e descemos morrinhos de textura estranha e paisagem estranhamente encantadora, nos perdemos, mas ainda bem, não por muito tempo.

Death Valley, Golden Trail: paisagem única, muito calor e não muita coisa viva por lá. Mas aqui há animais e plantas que não existem em nenhum outro lugar, por exemplo, aqui existe um tal de Kangaroo Rat, um tipo de rato que consegue sobreviver sem tomar uma gota de água sequer. Ele consegue converter os carboidratos e gorduras das sementes que ele come em água (!!??). Aqui também tem peixinhos que são endêmicos daqui e aparecem em uma área onde o aquífero aflora... Achamos incrível a adaptação dos animais desse lugar, deve ser por isso que os animais daqui as vezes não são encontrados em nenhum outro lugar.

Death Valley, Golden Trail: esse é um dos lugares mais quentes do planeta. No verão, a temperatura facilmente ultrapassa os 49 graus Celsius durante o dia, refrescando aos 38C à noite.

Death Valley, Golden Trail: a temperatura média por aqui em julho é 46 graus Celsius em julho, mas máxima temperatura já registrada aqui foi 57 graus!

Death Valley, Golden Trail: Na ida ainda havia bastante sombra, na volta nem tanto... Corríamos nas partes da trilha com sol para encurtar o sofrimento do sol forte na pele..

Death Valley, Golden Trail: O nome Death Valley ou Vale da Morte veio na época da corrida do ouro em 1849, Muitos dos aventureiros que fugiam da neve da Serra Nevada passavam por aqui, onde tropeçavam nesse deserto e perdiam animais, carroças e muitos deles perdiam a vida. Um desses aventureiros, já doente e após ser resgatado, virou-se e disse: "tchau, Vale da Morte". E parece que o nome realmente fez sentido, porque pegou...

Death Valley, Golden Trail: esse também é o lugar mais seco da América do Norte. A média de chuva por aqui é de menos de 5 cm ao ano.

Death Valley, Golden Trail

Death Valley, Golden Trail: Placa aconselhando a não entrar na trilha depois das 10 da manhã: Perigo extremo devido ao calor.

Death Valley, Badwater basin: o nome veio de um explorador muito desapontado que enfim achou água, mas logo percebeu que a água aqui era ruim ("bad water") para beber. Ele queria dar esta água para suas mulas beberem, mas percebeu que a água aqui era salgada. Ele escreveu no seu mapa "bad"water se referindo a essa área e o nome ficou. Nós também esperávamos mais desse lugar, mas pelo menos a trilha que fizemos mais cedo compensou.

Death Valley, Badwater basin: aqui também é um dos pontos mais baixos com relação ao nível do mar do hemisfério oeste. Para se ter terra assim seca, sem água abaixo do nível do mar é necessário que o clima seja extremamente seco (em climas úmidos, esses locais abaixo do nível do mar se encheriam com água). Esses pontos abaixo do nível do mar são criados por atividade sísmica, não por erosão causada por água. Neste ponto, 85.5 metros abaixo do nível do mar.

Death Valley, Badwater basin: essa parte meio branca, meio cinza da foto acima é sal (salt flats). Pelo que eu entendi, a água da chuva que escorre pelas montanhas vem para cá, o ponto mais baixo, e também é absorvida pelo solo e é adicionada ao reservatório de água subterrânea, que emerge aqui. A água que vem das montanhas vem carregada em minerais que foram dissolvidos das rochas e do solo. Aqui se formam lagos temporários, com alta concentração de sais minerais. Mas a velocidade de evaporação nessa área é estupidamente rápida. Dizem que a taxa de evaporação nesse Vale da Morte equivaleria a secar um lago com quase 4 metros de profundidade em um ano. Ao longo de milhares de anos, o resultado é essa camada de sal no terreno. Mas isso não é apenas sal, isso é borax, uma combinação do elemento boron com outros sais. O borax só é encontrado se vulcões tiverem adicionado lava rica em boro na mistura. 

Death Valley

Death Valley: temperatura do nosso termômetro dentro do Barnabé: 50 C!

Death Valley, Artist's Pallete.

Death Valley, Zabriskie Point: aqui, em 1882 a mineração de borax era intensa. O borax dessa região foi descoberto na forma de salt flats (como o encontrado no Badwater pool), mas o minério assim na sua forma original era mais lucrativo. A extração durou apenas 10 anos e a ferrovia usada para o transporte de minérios passou a ser usada para transportar turistas.

Death Valley, Zabriskie Point

Death Valley, Mesquite Flat Dunes: tenho a impressão que essas dunas teriam sido fantásticas se eu tivesse ido um pouco mais longe. O Fe preferiu ficar no ar condicionado do carro e nem quis sair do Barnabé para ver as dunas por causa do calor...
Saímos do Death Valley em direção ao Sequoia National Park. No caminho vimos uma placa: "Avoid overheating, turn off AC" (evite superaquecimento, desligue o ar condicionado). Nossa, que dó desligar o ar condicionado com um calor daquele, mas a ideia de o motor fundir num deserto daqueles já era suficiente para não arriscarmos.

Passamos a noite em uma estradinha, saindo da estrada principal, e graças à Deus, saindo do clima do deserto. A estradinha de terra dava em um rio ótimo para quem precisa se reabastecer de água. Nos cozinhamos aqui à luz das estrelas e dormimos de graça sem nenhum medo.