quinta-feira, 26 de maio de 2016

Death Valley: o deserto do Vale da Morte

20 de setembro de 2015





Saímos de Vegas e fomos ao Death Valley, chagamos lá já as vésperas do centro de informações turísticas fechar, pegamos mapas, descobrimos as trilhas e os lugares que gostaríamos de ir, pagamos o camping e tiramos o fim do dia para dar uma geral no Barnabé.

Era noite já mas o calor ainda incomodava. Esse camping tem  toda estrutura para quem está com um trailler (no que ficamos, existem outros 11 campings aqui, nem todos abertos e alguns sem estrutura que são gratuitos), mas nada de chuveiros no banheiro... (Death Valley significa Vale da Morte, imagina se aqui tem muita água...). Meu desespero por um banho era enorme, ainda mais depois de já não ter tomado banho ontem. Quando anoiteceu e tudo o que se via eram estrelas e outras pessoas acampando mais afastadas, não tivemos dúvida, enchemos nossa "leiteira" (Para quem não tem ideia de como é esse nosso chuveiro, veja aqui) com a água do camping e nem precisamos esquentá-la, a água já vinha pelando da torneira... tomamos banho à luz das estrelas, torcendo para ninguém chegar de carro com farol na gente. No dia seguinte descobrimos uma placa que dizia que era para ser coletado toda água que fosse usada, mesmo a que fosse usada para lavar pratos para evitar a contaminação do meio-ambiente...ops, acho que banho também não podia... que bom que eu só descobri isso depois do banho =).

O calor sufocava e dormimos com todas as portas e janelas do Barnabé abertas e nosso ventilador na cara. A parte boa de viajar pelos parques daqui é que segurança nunca é um problema.

Para o dia seguinte o plano era madrugar, ver o nascer do sol em uma das trilhas e literalmente não morrer pelo calor. Nas trilhas, placas alertavam sobre risco de morte por calor extremo, histórias de pessoas que saíram para caminhar depois das 10 da manhã com pouca água, se perderam e o que sobrou deles foram achados somente alguns meses depois.

No dia seguinte meu sono foi maior e não levantamos antes das 7... Começamos a trilha no Golden Trail antes das 8, muito tarde. Desistimos de fazer o loop de 4 milhas (mais ou menos 6.5 km) com medo do calor que já estava ali começando a incomodar. Subimos e descemos morrinhos de textura estranha e paisagem estranhamente encantadora, nos perdemos, mas ainda bem, não por muito tempo.

Death Valley, Golden Trail: paisagem única, muito calor e não muita coisa viva por lá. Mas aqui há animais e plantas que não existem em nenhum outro lugar, por exemplo, aqui existe um tal de Kangaroo Rat, um tipo de rato que consegue sobreviver sem tomar uma gota de água sequer. Ele consegue converter os carboidratos e gorduras das sementes que ele come em água (!!??). Aqui também tem peixinhos que são endêmicos daqui e aparecem em uma área onde o aquífero aflora... Achamos incrível a adaptação dos animais desse lugar, deve ser por isso que os animais daqui as vezes não são encontrados em nenhum outro lugar.

Death Valley, Golden Trail: esse é um dos lugares mais quentes do planeta. No verão, a temperatura facilmente ultrapassa os 49 graus Celsius durante o dia, refrescando aos 38C à noite.

Death Valley, Golden Trail: a temperatura média por aqui em julho é 46 graus Celsius em julho, mas máxima temperatura já registrada aqui foi 57 graus!

Death Valley, Golden Trail: Na ida ainda havia bastante sombra, na volta nem tanto... Corríamos nas partes da trilha com sol para encurtar o sofrimento do sol forte na pele..

Death Valley, Golden Trail: O nome Death Valley ou Vale da Morte veio na época da corrida do ouro em 1849, Muitos dos aventureiros que fugiam da neve da Serra Nevada passavam por aqui, onde tropeçavam nesse deserto e perdiam animais, carroças e muitos deles perdiam a vida. Um desses aventureiros, já doente e após ser resgatado, virou-se e disse: "tchau, Vale da Morte". E parece que o nome realmente fez sentido, porque pegou...

Death Valley, Golden Trail: esse também é o lugar mais seco da América do Norte. A média de chuva por aqui é de menos de 5 cm ao ano.

Death Valley, Golden Trail

Death Valley, Golden Trail: Placa aconselhando a não entrar na trilha depois das 10 da manhã: Perigo extremo devido ao calor.

Death Valley, Badwater basin: o nome veio de um explorador muito desapontado que enfim achou água, mas logo percebeu que a água aqui era ruim ("bad water") para beber. Ele queria dar esta água para suas mulas beberem, mas percebeu que a água aqui era salgada. Ele escreveu no seu mapa "bad"water se referindo a essa área e o nome ficou. Nós também esperávamos mais desse lugar, mas pelo menos a trilha que fizemos mais cedo compensou.

Death Valley, Badwater basin: aqui também é um dos pontos mais baixos com relação ao nível do mar do hemisfério oeste. Para se ter terra assim seca, sem água abaixo do nível do mar é necessário que o clima seja extremamente seco (em climas úmidos, esses locais abaixo do nível do mar se encheriam com água). Esses pontos abaixo do nível do mar são criados por atividade sísmica, não por erosão causada por água. Neste ponto, 85.5 metros abaixo do nível do mar.

Death Valley, Badwater basin: essa parte meio branca, meio cinza da foto acima é sal (salt flats). Pelo que eu entendi, a água da chuva que escorre pelas montanhas vem para cá, o ponto mais baixo, e também é absorvida pelo solo e é adicionada ao reservatório de água subterrânea, que emerge aqui. A água que vem das montanhas vem carregada em minerais que foram dissolvidos das rochas e do solo. Aqui se formam lagos temporários, com alta concentração de sais minerais. Mas a velocidade de evaporação nessa área é estupidamente rápida. Dizem que a taxa de evaporação nesse Vale da Morte equivaleria a secar um lago com quase 4 metros de profundidade em um ano. Ao longo de milhares de anos, o resultado é essa camada de sal no terreno. Mas isso não é apenas sal, isso é borax, uma combinação do elemento boron com outros sais. O borax só é encontrado se vulcões tiverem adicionado lava rica em boro na mistura. 

Death Valley

Death Valley: temperatura do nosso termômetro dentro do Barnabé: 50 C!

Death Valley, Artist's Pallete.

Death Valley, Zabriskie Point: aqui, em 1882 a mineração de borax era intensa. O borax dessa região foi descoberto na forma de salt flats (como o encontrado no Badwater pool), mas o minério assim na sua forma original era mais lucrativo. A extração durou apenas 10 anos e a ferrovia usada para o transporte de minérios passou a ser usada para transportar turistas.

Death Valley, Zabriskie Point

Death Valley, Mesquite Flat Dunes: tenho a impressão que essas dunas teriam sido fantásticas se eu tivesse ido um pouco mais longe. O Fe preferiu ficar no ar condicionado do carro e nem quis sair do Barnabé para ver as dunas por causa do calor...
Saímos do Death Valley em direção ao Sequoia National Park. No caminho vimos uma placa: "Avoid overheating, turn off AC" (evite superaquecimento, desligue o ar condicionado). Nossa, que dó desligar o ar condicionado com um calor daquele, mas a ideia de o motor fundir num deserto daqueles já era suficiente para não arriscarmos.

Passamos a noite em uma estradinha, saindo da estrada principal, e graças à Deus, saindo do clima do deserto. A estradinha de terra dava em um rio ótimo para quem precisa se reabastecer de água. Nos cozinhamos aqui à luz das estrelas e dormimos de graça sem nenhum medo.

domingo, 8 de maio de 2016

Valley of Fire e a tão famosa Las Vegas


18 de setembro de 2015





Começamos o dia muito tarde para um lugar muito quente, as 8:00 estávamos de pé e o calor já era bem próximo do infernal. O dia hoje foi longo, literalmente suado, e bem diverso: saímos do deserto de clima, paisagem e gente do  Valley of Fire para o deserto só de clima de Las Vegas,com todas as suas muitas luzes, barulhos e coisas normalmente ilegais ou imorais em quase todo mundo civilizado.

Primeira parada: Valley of Fire State Park. Como esse é um parque estadual, não nacional, nosso passe anual de entrada nos parques nacionais não cobre a entrada. A entrada é bem barata: 10 dólares.
Mas eu particularmente não recomendo esse parque a menos que você esteja cansado de Vegas, já tenha visto o Grand Canyon e esse tipo de paisagem seja muito novo para você, o que não foi nosso caso. Achamos esse parque sem nada de muito excepcional, mal sinalizado e com um sol tão forte na cabeça que não dava muito animo de gostar de muita coisa...

Começamos a fazer a trilha dos hieroglifos, mas não vimos quase sinalização, ficamos em dúvida quanto a que lado seguir e acabamos voltando sem ter certeza que caminho pegar para voltar. Era simplesmente quente demais para tentar achar a continuação da trilha.

Valley of Fire

Valley of Fire: hieroglifos. eu sei que é muita ignorância minha, mas porque causa, motivo, razão ou circunstância esse povo escolheu morar aqui!!??

Valley of Fire: trilhas muito mal demarcadas.
Valley of Fire
Valley of Fire



Valley of Fire e o Barnabé
Nos sentimos um pouco decepcionados aqui e resolvemos seguir viagem direto para a tão famosa Las Vegas. 

A minha impressão de Las Vegas  é que eles usam a mesma técnica que a Fisher-Price usa para chamar a atenção das crianças: muita luz e muito barulho.  Sabe aquelas fotos que vemos com um monte de luzes, é bem aquilo mesmo. Nas plantas da calçadas há auto-falantes tocando uma musiquinha de balada ao fundo. Tudo por lá tem cheiro. Lá também tudo pode, o que você quiser: jogatinas, mulheres semi-peladas na rua, mulher entregue na sua casa em 20 minutos, drogas, espetáculos, araras tropicais para turista tirar foto, compras nas grifes mais caras, hotéis dos mais caros e dos mais luxuosos, casinos com tudo quanto é tipo de jogos e mais tudo o que é normal em todos os outros lugares. Enfim lá não só pode tudo, como também tem de tudo que o dinheiro puder comprar.

O público de Vegas é bem amplo: velhos sozinhos jogando, casais, grupos de jovens, famílias com crianças pequenas ou com filhos adolescentes. Mulheres vestidas com roupas de gala ou com jeans e chinelos de dedo. Os homens em geral se vestiam mais relax. Como o que acontece em Vegas fica em Vegas, era bem comum ver a mulherada aproveitar, veste o que tem de mais curto e mais decotado. Prostitutas é o que mais se vê por lá, ou pelo menos parecem prostitutas, mas vai ver que é só para tirar fotos com os turistas. E isso também se vê bastante: mulheres vestidas de coelhinhas, de policiais só de calcinha e sutiã, de enfermeiras e de colegiais iguais as fantasias de sex shop, esperando para pessoas posarem ao seu lado para tirar fotos, e não sei se algo a mais. 

Lá também vimos shoppings/hotéis/cassinos temáticos, vimos uma Veneza, com gôndolas levando turistas por canais artificiais de água dentro do edifício, beirando as caras lojas de grife. Lá fora vimos a estátua da Liberdade, um castelo que parecia o da Disney, a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo. Vimos um show das águas dançantes de um hotel e um show de fogo dançante em outro hotel, fantástico.

Nas ruas, o único lixo que se via eram cartões com mulheres peladas que a todo instante pessoas ficavam entregando aos homens, como santinhos na época de eleições. E não importa se você está de mãos dadas com seu marido lá ou não, por razões óbvias. Até Cirque du Soleil tinha um espetáculo para maiores de 18 anos com cenas mais provocativas. 

Para mim era muito estranho ver famílias levando filhos de 10 anos para conhecer Vegas, mas pode ser eu sendo careta demais. Vimos uma esposa tirando foto do seu marido abraçando 2 meninas com shortinhos que mostravam metade da bunda, e as 2 filhas adolescentes olhando com cara de bunda.

Mesmo com  a impressão de que tudo é permitido nesse lugar, não vimos nenhuma cena policial nem nada disso, aliás, não vimos policiais. O mais perto disso foram ambulâncias e umas
4 mulheres com os peitos e a barriga de fora vestidas com fantasias de policiais... 

 Nosso maior erro no dia de hoje foi não ter persistido nossa busca por um camping. Achamos pouco provável um camping onde o google nos indicava (que estava perto demais da área turística) e o Fe não quis se dar ao trabalho de ir ver, e também não queria gastar 135 dólares em um hotel, que foi o mais barato que achamos no expedia  ou no  booking.com. Acabou que dormimos em um Walmart de graça, sem banho nem nada, depois do calor do inferno e de ter feito trilha no Valley of Fire e de ter andado o dia todo em Vegas. NOJENTO... estamos ficando cada vez mais pão-duros, mas dessa
vez a economia não valeu e eu não gostei de ter tomado banho de adstringente depois de um dia tão quente. Algumas semanas depois nossos amigos, Denise e Gabriel, que também estão fazendo essa viagem, passaram por Vegas e ficaram no camping que não achamos que ia existir. O camping se chama Kings Row, custa 18 dólares por site, tem energia, água, chuveiros, WiFi de graça, comporta grandes RVs mas não tem lugar para barracas. Nossos amigos disseram que foram recepcionados por um casal de velhinhos muito simpáticos e eles super recomendam o lugar. Pena é que nós não ficamos lá também...

Sempre que dá nós pegamos um ônibus onde estamos passeando para conhecer um pouco mais sobre como a cidade vive e também para não nos preocuparmos com estacionamento, deixamos o carro no Walmart e pegamos um ônibus. O trajeto era uma linha reta até a área turística. O ônibus nos impressionou: o ônibus aqui era limpo, com público variado, mas em geral trabalhadores menos remunerados, negros e imigrantes. Passava a cada 20 minutos, custava 2 dólares com dinheiro certo (pois eles não dão troco) e vimos 2 ocasiões em que as pessoas ofereciam seu assento para idosos ou mulheres, coisa pouca comum na América do Norte. 

Resumo: bom ter conhecido Las Vegas  e riscado essa cidade da minha lista de lugares para conhecer,  mas eu não gostei. Não é o tipo de cidade que representa nossa viagem ou nossos valores: não gostamos tanto de cidades grandes como quando começamos a viajar mais em 2008, e especialmente, não gostamos da idéia de que dinheiro pode comprar tudo ou ser mais importante do que tudo. Claro que esta seria uma análise bem funda e careta, mas para nós que só ficamos em hotéis caros quando estamos viajando a negócios, não gostamos de jogatinas e não estamos interessados em sexo a 3, drogas ou em compras, restaurantes barulhentos ou nas muitas luzes que parecem nos agredir os sentidos, a ideia de Vegas não foi bem vendida para nós, caipiras que gostam do sossego do meio do mato e que estamos mais para os princípios cristãos que para a vida louca. Mas como diz minha amiga,  Vegas é um antro de diversão, basta escolher a que você quer!

Las Vegas:  algum casino por ai.

Las Vegas, The Venetian: até para nós que não somos chegados em compras esse lugar é interessante. É um shopping/ hotel/ cassino com uma temática bem diferente: Veneza. Por 160 dólares você pode se hospedar nesse hotel de luxo e estar no meio de tudo isso.

Las Vegas, The Venetian

Las Vegas, The Venetian: e para imitar Veneza, nada melhor que gôndolas e canais artificiais. Só pagar que você pode dar uma voltinha também.

Las Vegas, The Venetian: essa é a vista externa. De frente esta o hotel Mirage, onde há shows com fogo promovidos gratuitamente pelo hotel.

Las Vegas, The Venetian: vista externa.

Las Vegas, High Roller: essa roda gigante tem cerca de 168 metros de altura, é uma das maiores do mundo e custa cerca de 22 dólares para entrar.

Las Vegas, High Roller: um dos acessos à ela é um calçadão com muitas lojas...

Las Vegas: essa é sempre a imagem que me vem a cabeça quando eu penso em Vegas, provavelmente porque me chocou demais. Vimos esse caminhãozinho divulgando mulheres circulando pela cidade várias vezes.

Las Vegas, Fountains of Bellagio: um espetáculo de águas dançantes patrocinado pelo Hotel/ cassino Bellagio. É espetacular e gratuito. O show acontece a cada meia hora ou 15 minutos dependendo do dia (https://www.bellagio.com/en/entertainment/fountains-of-bellagio.html). 

Las Vegas, Fountains of Bellagio
Loja da M&M's: Vai um pouquinho a granel ai?

O castelo te parece familiar?

Las Vegas: como a Fisher-Price usando luzes e som, mas para adultos. Funciona.

Em algum shopping de lá..

Las Vegas, The Mirage: aqui você pode aproveitar suites luxuosas (e as nem tão luxuosas assim) e ver espetáculos com George Lopes ou ver Beatles Love. Para quem não quer gastar tem espetáculos com fogo e água no "jardim" deles.

e mais mulheres a venda... se você ficar em dúvida, outra caminhão desse vai aparecer na sua frente nos próximos 10 minutos para tentar te convencer.

Las Vegas, Madame Tussauds: a partir de $30 você pode conferir as celebridades em cera.