terça-feira, 21 de julho de 2015

uma tentativa frustada de acampar na praia


12 de junho de 2015



Pedalamos só uns 60 km hoje. Hoje também foi dia de sobe, desce, sobe , desce, sobe , desce o caminho todo e hoje também foi o dia da subida mais inclinada do caminho. Mesmo assim pedalamos relativamente rápido e não ficamos morrendo de cansaço em nenhuma parte do dia.


Russian Gulch State Park
Russian Gulch State Park: vai um mergulho de onde o Fe está?


Mendocino

Mendocino

Mendocino

Mendocino

Mendocino

No caminho, cerca de 16 quilômetros de onde saímos, o Fe quis entrar em uma estradinha para ter certeza de que o mapa estava certo e de que essa estradinha não era conectada com a estrada principal lá na frente. Se desse para passar por lá, economizaríamos uma subidona. Pior cenário: veríamos uma paisagem nova e teríamos que voltar tudo.

A estrada dava em um hotel que virou museu. Último sobrevivente do que um dia era uma cidade que vivia da madeira. A cidade morreu com inundações, terremoto e incêndios e o hotel foi a única coisa que sobrou.

Na verdade a cena que vimos parecia filme de terror. A estradinha levava para até o estuário de um rio, e o nível d`'agua estava no mesmo nível da estrada. O rio todo estava coberto de neblina, assim como um pedaço da estrada e da única construção que sobrou da cidade.

Seguimos a estradinha, que dava no que parecia um camping abandonado à beira-mar, com mesas em grandes poças d'água, banheiros pichados e troncos de árvore trazidos pelo mar. A neblina e o antigo hotel reforçavam a ideia de abandono e de filme de terror. Na continuação do camping havia uma praia que mal conseguíamos ver por causa da neblina. Largamos as bikes no tal camping abandonado e seguimos para a praia. Queríamos andar um pouco e ver se de lá sairia uma trilha para a estrada (mas sem estragar as bikes na areia da praia).


Não achamos a trilha, mas achamos uma pequena cabana improvisada e ficamos pensando se não seria uma boa ficarmos por lá. A praia parecia bonita e a essa hora, o sol brilhava por cima da neblina. Seria super diferente dormir em uma cabana na praia, de graça, sem nenhuma alma viva por perto e poderíamos tirar a tarde de folga para ler um livro. (E eu confesso, também gostei da ideia de adiar as subidas que eu sabia que viriam no fim do dia).

A areia estava quente, o sol brilhava e ao mesmo tempo, a neblina nos escondia. Voltamos para as bikes para pegar nossas coisas, ajeitamos a cabana e estendemos uma rede na areia. Logo estávamos deitados com a areia esquentando a parte de baixo dos nossos corpos e a neblina esfriando a parte de cima. Estávamos achando ótimo termos achado aquele lugar surreal.

Não muito tempo depois apareceu um cara jovem e bem vestido correndo na praia. Provavelmente um morador (haviam casas lindas no morro acima). Ele dizia que o ranger (guarda florestal, que normalmente usam aquele chapéu engraçado do guarda- florestal do desenho do Pica-pau) tinha visto nossas bikes e estava procurando por nós, dizia ele que não poderíamos ficar por ali e que os rangers poderiam apreender nossas bicicletas, que deveriam ficar na estrada lá em cima. Não fazia o mínimo sentido.

Mas realmente poderia ser ilegal dormir na praia, e depois de descobertos, a ideia de ficar por lá já não parecia ser tão boa ideia assim, especialmente com um morador infeliz por perto. O Fe foi tentar achar o ranger e conversar com ele para ver se tínhamos mesmo que sair dali. Infelizmente quando o Felipe o achou, ele já estava dentro do carro indo embora.

Decidimos ir embora e não arriscar. A parte ruim é que já estava tarde e ainda tínhamos mais de 30 km pela frente, incluindo a subida mais inclinada da viagem. Conclusão: estávamos psicologicamente preparados para 30km bem puxados e conseguimos ir muito bem (a distância é curta, mas tínhamos peso e um relevo bem chato pela frente).

A cabaninha que estávamos querendo usar para passar a noite. Íamos montar nossa barraca aí dentro assim que começasse a escurecer mais...

Pena que tivemos que sair...
Passamos a noite em um KOA, que é um camping privado mais incrementado. Eles focam bastante  em famílias então havia uma piscina, um spa (aquelas piscinas pequenas de água quente), churrasqueiras e fogões elétricos, área de jogos e para nós, as únicas coisas que interessavam: 1 hora grátis de WiFi e lavanderia à moedas. Melhor ainda é que eles tinham um preço especial para ciclistas e pagamos apenas 12 doletas por pessoa (em vez dos 5 que costumamos pagar, mas valeu muito a pena, especialmente porque o próximo parque estadual aberto estava muito longe).

À noite, no KOA, havia atividades para reunir todo mundo. O Fe foi assistir o karaokê e ficou impressionado de ver como famílias desconhecidas interagiam e se divertiam de uma forma que não estamos muito acostumados a ver: famílias inteiras cantando juntas no palco e a platéia engrossando o coro de vozes. De longe eu ouvia palmas e gritos, definitivamente muito animados. Nem parecia o mesmo povo que em estádios, os painéis luminosos precisam pedir para que o povo faça barulho...


13 de junho de 2015


A única atração boa de hoje foi um carrinho que encontramos no caminho vendendo costelas ao molho Teriaki. Bem gostosa, mas ainda não melhor que a que o Luciano, nosso amigo gaúcho de Calgary faz!

Costelas de porco ao molho Teriaki, uma delícia, mas ainda não se compara com o churrasco de um gaúcho!
No caminho hoje também pegamos motoristas horríveis. Até agora só tínhamos elogios aos motoristas daqui, sempre muito respeitosos, esperando o melhor momento para nos ultrapassar e quase sempre tomando bastante distância de nós (tirando os motoristas de Washington, que não poderiam ser piores).

Hoje, um dos motoristas deu uma bela de uma fechada no Fe. Estávamos no acostamento (que era bem pequeno), um carro fez a curva bem fechada e o Fe caiu para fora da estrada. Sorte que não estávamos muito rápido e que não era um precipício depois da estrada, como já pegamos algumas vezes. O motorista deveria ter nos visto mesmo com a curva, porque a visão era aberta para quem estava seguindo na nossa direção.  Que raiva!

Outro motorista, um pouco mais tarde, nos deu uma buzinada daquelas bem longas. Não entendemos o porque: estávamos em uma área sem curvas, no acostamento e já raspando a perna no mato. Que raiva outra vez!

Passamos por 3 campings completamente cheios: era o início das férias de verão, isso explica os incidentes da estrada. Provavelmente motoristas de férias olhando para o lado, curtindo a paisagem e esquecendo da estrada ou gente de fora da Califórnia e Oregon (deve ser gente de Washington hehehe).

Chegamos no único dos 4 ou 5 campings da área que tinha lugares reservados para ciclistas. Bom que mesmo com tudo cheio, sempre conseguimos um lugar para ficar. Esse camping foi quase exceção: a área reservada para ciclistas parecia refugo de tudo que não dava para ser aproveitado no resto do camping, até nossa mesa estava faltando um pedaço. Chegamos primeiro e 20 minutos depois chegaram mais 7 pessoas fazendo o mesmo roteiro. Mais um pouco e não tinha mais espaço algum para nenhuma outra barraca.

Duas das pessoas que chegaram eram pai e filha, pedalando do Canadá até San Diego em um ritmo frenético, em uma bicicleta dupla. Bastante legal de se ver...

Mais tarde, a caminho do banheiro, paramos para conversar com uma mulher que nos viu chegar, ela estava tão encantada com o que estávamos fazendo que mais tarde ela foi nos procurar na área de ciclistas para conversar um pouco mais e nos perguntar se precisávamos de mais alguma coisa: talvez alguma comida, ou shampoo, ou um creme.... Achamos super legal da parte dela, pena que já tínhamos comprado tudo que precisávamos, mas adoramos a boa intenção antes de tudo...

2 comentários:

  1. Otimo ver tudo e ouvir as estórias....Adorando tudo

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  2. Parece que eu estava lendo um livro de terror. Gostei .... rs

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