quinta-feira, 30 de julho de 2015

São Francisco



18 de junho de 2015



Acordamos, enrolamos e me deu muita preguiça de voltar a pedalar depois de já ter alcançado nosso objetivo, mas a bicicleta ainda é a melhor forma de conhecer bem essa cidade.

Começamos com a ladeira em forma de S, a famosa Lombard Street. Realmente impressiona a inclinação dela. Aliás, nos impressionou como essa cidade tem ladeiras! É para deixar os ciclistas da cidade com uma perna de aço.

Também nos impressionou como a cidade tem muitos ciclistas e como os motoristas os respeitam. Mas nos impressionou ainda mais como o asfalto é ruim para uma cidade como essa.

Uma das ladeiras de São Francisco, Reparem como a descida é inclinada, seguida por um platô bem reto para a rua que cruza.
Lombard Street: Famosa pela forma de S e pela inclinação. Bem legal descer de bike. As pessoas paravam para nos olhar, tirar fotos nossas e dizer que essa era a forma mais legal de descer =)

Lombard Street: Lindos jardins bem ornamentados definem o contorno dos "S"s. Turistas para todo lado, acho que quem mora por ali deve se irritar bastante...



Passarinhos vendo os turistas na Lombard Street
Lombard Stret. No topo,o morro dos "S"s
Lembra os filmes filmados em São Francisco mesmo, não lembra?

Mais uma das ladeiras de São Francisco, reparem na inclinação dos carros com relação à inclinação das casas.
Centro de São Francisco: carros, bikes, mini-carros de turistas, tudo junto. Achamos meio caótico o transito lá. Me lembrei das pessoas reclamando das ciclovias em São Paulo: elas iam ficar doidas aqui com todo mundo andando junto sem ciclovia alguma em muitas partes.... E aqui tem MUITA bicicleta, que não se comportam como carros como em Calgary (que seria o certo).

Centro de São Francisco: encontramos isso ai. São duas estruturas como essa em que o Felipe está sentado (ao longe, de laranja), uma de frente para outra.  Basicamente uma pessoa se senta de frente para outra e conversam. Mesmo com a distância (e com gente passando no meio), dá para conversar e ouvir muito claramente, sem nada eletrônico envolvido!

São Francisco: centro. Largamos as bicicletas em uma parte do centro e fomos andar para conhecer a cidade. Finalmente achamos um centro de informações turísticas (em cidades pequenas sempre achamos um no caminho, mesmo naquelas que não tem absolutamente nada para fazer, aqui já andamos muito, mas só fomos passar por um no nosso caminho depois de muito tempo). Depois que conseguir mapas e algumas informações, perguntei se era seguro deixar nossas bicicletas presas no centro. Eu perguntei quase que por  perguntar, mas a resposta dela foi uma bomba: não, aqui no centro é muito perigoso e é muito elevado o número de bicicletas roubadas, mesmo com correntes. Uau... fomos quase correndo para ver se nossas magrelas ainda estavam lá. E estavam, graças a Deus!
Em frente ao terminal: Gordos né?

São Francisco: Ferry Terminal
Rincon Park: por isso que ele me ama =)

Pier 7
Banheiro público: Inspira primeiro mundo, mas é bem ordinário, nada parecido com os que você encontra em Paris, que se lavam sozinhos.  Esses supostamente são automáticos,  a porta abre quando você aperta um botão e se você demorar muito a porta abre sozinha, a descarga deveria ser automática e a água da torneira também, mas nada funcionava direito. Fiquei com medo que a porta abrisse quando minha calça ainda não estivesse no nível da cintura. E o banheiro fedia...meu padrão ainda baixo ultimamente mas gente do céu, que horror!

Coit Tower: 64 metros de altura dão uma boa vista da cidade. Normalmente não pagamos para subir em torres e ver a vista aérea da cidade, mas queríamos poder ver a Lombard Street e as outras ladeiras de cima.
Esse é o hall do Coit Tower (acima): todas as paredes contêm pinturas como essas.  Esse painel retrata uma loja de departamento, mas  estranhamente todas as pessoas estão com uma cara horrível. Isso retrata bem a situação de desespero econômico que se vivia naquela época.  A maior parte dos artistas que pintaram esses painéis ganhavam 1 dólar por dia, e com certeza não poderiam comprar os bens de uma loja como essa. Eu só tive tempo de ler isso porque havia uma fila enorme, que dava a volta por dentro da torre.

Coit Tower: enfim lá em cima =)
Vista da Lombard Street lá de cima da torre.
Nas escadas para pegar o elevador de Coit Tower

Exploratorium: museu de ciências. Este está na lista dos nossos favoritos. Ficamos 3 horas e meia lá, não vimos 1/4 do museu e só fomos embora porque já estava tarde e não queríamos ser  rudes com nosso anfitrião. Nos disseram que era direcionado para o público infantil porque tudo se toca e se "experimenta". Gostamos justamente por isso, física ficou bem mais fácil de entender depois desse museu. Pena que não deu para ver quase nada. Esse museu é metade do preço às quintas-feiras depois das 6 da tarde. Adivinhem que dia e que horas nós fomos?
Essa foi a placa que vimos no lugar onde se prende bicicletas para entrar no Exploratorium: "tranque o quadro e ambos os pneus com cadeado em forma de U".  (Ocadeado em forma de U é o tipo mais seguro de cadeados). Uau, a senhora do centro de informações turísticas realmente não estava brincando!
Exploratorium

Exploratorium: gordos ou magros?
Exploratorium: porque não beber água se ela for tratada, mesmo se estiver saindo de uma privada? Tem coragem?


Chegamos na casa do Sam bem tarde, umas 10 da noite. Tudo estava escuro e as outras 3 ou 4 pessoas que moram com ele estavam cada um em seu quarto. Ainda bem que o Sam foi um amor de pessoa e nos deixou uma cópia da chave da casa dele, pois ele mesmo iria voltar tarde, e assim conseguiríamos entrar a qualquer hora. Dormimos nossa última noite lá.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Chegamos em São Francisco! Fim da nossa jornada de bike, e mais uma casa nos recebeu!


17 de junho de 2015



Enfim completamos nossa jornada de bike hoje!Chegamos finalmente em São Francisco, nosso destino final!

Saímos de São Francisco com 2600 km pedalados e 23000 metros de elevação! Foi  um desafio, uma tortura e ao mesmo tempo, uma alegria e uma das coisas mais legais que me dispus a fazer.

Saímos de manhã de Samuel Taylor Campground, onde hoje é apenas um camping, mas já foi uma área muito próspera chamada Taylorville, com uma madeireira (a primeira da costa oeste), um dos resorts mais populares do estado e muitos turistas.  No começo de 1890 uma severa depressão na economia causou o declínio da economia e o fim dos turistas. No fim do século, incêndios destruíram o hotel e a madeireira.  Hoje não há traço algum da cidade, só memórias.

O caminho do camping até São Francisco foi tranquilo. Precisávamos entrar em contato com o Sam, que muito gentilmente nos ofereceu a casa dele quando encontramos com ele ontem. Hoje tínhamos que mandar um email para ele perguntando o endereço e confirmando se ele já havia chegado em São Francisco de Point Reyes, basicamente tínhamos que confirmar se a proposta ainda estava de pé.

Esperávamos encontrar muitos Mc Donalds ou outros lugares que vendem "fast food" no caminho com a intenção de usar WiFi de graça, que é a única coisa que nos leva a ir a esses tipos de lugares. Para nossa surpresa, não achamos nenhum em quase 60km. Isso foi mais fantástico para nós porque passamos por cidades relativamente grandes. Encontramos muitas lojas de produtos orgânicos, mas não restaurantes fast-foods. Definitivamente uma surpresa estando nos Estados Unidos.

Depois de uns dias na grande São Francisco chegamos a conclusão que a região é muito "verde", fast-foods não fazem tanto sucesso como um bom restaurante, ou comida orgânica, ou um estilo mais caseiro. Por ser uma cidade muito rica, é comum as pessoas saírem para jantar e gastarem 200, 300 dólares em 2  pessoas.Nos disseram também que o Wal-Mart não é permitido dentro dos limites de São Francisco já que eles não permitem que os funcionários façam parte de um sindicato (não sei se é verdade, mas realmente não vimos nenhum).

Chegamos em São Francisco muito felizes, confesso que quase chorei de alegria =). Pegamos uma subida violenta para chegar até a famosa Golden Bridge, aquela ponte que vimos em tudo quanto é filme e seriado filmado lá, e não cansei! Acho que meu corpo já está preparado, e mais importante, meu emocional está feliz demais para cansar =)

Salsalito: um pouco antes de chegar em São Francisco, não passamos por nenhum restaurante de cadeia por lá, mas lojas de coisas orgânicas, um monte!

Salsalito: garça
Salsalito: coisa de hippie?

Salsalito: que medo...

Salsalito: Parada para tocar piano..

São Francisco: que alegria de ver essa ponte!
São Francisco: chegou!
São Francisco: claro que não bastou subir um monte para chegar até a ponte, tinha que subir mais ainda para ver a ponte de cima! Hoje nenhuma subida me cansa =)
O retrato da felicidade =)

Ele acreditou que eu conseguiria, é não é que eu acabei conseguindo?

São Francisco: essa foto é a paisagem do lado esquerdo da foto acima, muito sol de um lado, muita neblina do outro...

Do morro que subimos para ver a Golden Bridge lá de cima, vimos essa vista da montanha. Todos iam para o outro lado da rua ver a ponte, e nós vendo "pedra"....coisas de geofísico...
Golden Bridge: Hora de finalmente cruzar a ponte. Um lado vai turistas, do outro ciclistas indo rápido. O lado dos ciclistas estava fechado quando passamos por lá. O que foi bom, porque depois descobrimos que os ciclistas odeiam turistas e vão realmente rápido....
 o ruim é que para chegar do outro lado da ponte onde iam os turistas,  tínhamos que descer uma escadaria e depois subir outra, nada bom para quem carrega uma bike com tudo isso ai pendurado. A parte boa é que tinha uma madeirinha estreita para empurrar as bikes. O bom é que meu marido é forte e sempre me ajuda =)
Golden bridge vista dela mesma
E assim chegamos ao nosso destino: eu com as malas bem murchas e o Fe bem carregado. Sabe aquela história de direitos iguais, mulher carregar o mesmo que o homem, mulher consegue fazer o mesmo que o homem? Pois é, não rolou para mim... hehehe ou menos quilômetros, menos subida, menos tempo ou menos peso, tudo junto não dava não =P . Minha parte era carregar  minha água, máquina fotográfica, as comidas e tudo que era preciso para cozinhar, minhas blusas de frio e pequenos objetos de acesso fácil, o Fe ficava com todo resto. Ou seja, idealmente eu estava leve no início do dia e bem pesada no fim do dia. O Fe, tadinho, tava sempre pesado. Bom que no fim do dia estávamos igualmente cansados, porque ele está sempre em melhor forma que eu. Pensando bem agora, por isso eu não cansei nessas subidas todas de hoje...eu não carreguei quase peso até aqui =)
Atravessamos a ponte e de novo estávamos procurando um centro de informações turísticas ou um restaurante de cadeia para ver se o Sam tinha respondido, ainda não tínhamos ideia de onde era a casa dele, ou se realmente poderíamos ficar lá.

Fomos indo até achar alguma internet (grátis) e conhecendo o que tinha no caminho. Não passamos por nada grátis, mas passamos pelo "Palace of Fine Arts".

Palace of Fine Arts: Foi construído para a "Panama-Pacific Exposition" de 1915. Foi construída para durar apenas 1 ano e abrigar as obras de arte que seriam expostas naquele evento. O lugar estava caindo aos pedaços mas foi restaurado mais tarde com dinheiro de doações.

Palace of Fine Arts
Por fim achamos um mercado, que também precisávamos ir, com um Starbucks do lado. Ótimo, enfim internet! E ainda funcionava do outro lado da rua, perfeito! Melhor ainda que o Sam tinha respondido, nos deu o endereço e já estava em casa! Maravilha!

Acabamos pedalando mais de 7km para ir e voltar de onde estávamos até a casa dele, que era muito perto da ponte, mas de qualquer jeito queríamos fazer uma sopa de mandioca com carne para ele provar, então a viagem não foi perdida.

E passamos a noite no presídio, graças a Deus!

Passamos a noite em uma república muito aconchegante. Conversamos de coisas muito interessantes com o Sam, comemos uma sopa boa, tomamos um banho quente delicioso e longo e ainda nosso anfitrião nos ensinou 2 jogos de estratégia (que eu já não me lembro dos nomes).

Resumindo: tivemos uma visão de São Francisco bem melhor por causa do Sam, e mais uma vez tivemos o prazer de conhecer alguém tão legal.

Abusamos e o Fe pediu para ficar mais uma noite. Agora sim esse meu marido está ficando mais cara-de-paú!

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Point Reyes: Quase no fim da nossa jornada e arranjamos mais um lugar para ficar!

16 de junho de 2015

O camping que passamos a noite anterior tinha os guaxinins mais atrevidos e espertos que vimos até hoje. Como já mencionei em alguns posts anteriores, todos os campings por qui possuem armários a prova de vida selvagem para armazenar alimentos e evitar que os animais se alimentem de comida que não são as que eles normalmente encontram na natureza. Isso evita que os animais fiquem agressivos a procura de comida.

O que acontece com os guaxinins desse camping é exatamente isso: eles acostumaram a ser alimentados no camping ou de alguma forma encontram alimentos fáceis que as pessoas deixaram para trás, seja migalhas na mesa ou qualquer coisa com cheiro/ restos de comida deixados sem ninguém por perto.

 De noite acordei 2 vezes com eles tentando abrir a bolsinha da bike do Fe e pegar o terço dele. Não tínhamos comida nenhuma lá, mas acho que eles se atraíam pela luz refletida pelo terço.  No dia seguinte, conversando com os outros meninos do camping, eles nos contaram que os guaxinins abriram o zíper da bolsa da bicicleta de um deles. Como um animal aprende a abrir zíper assim!?

E nos contaram de uns guaxinins que pegaram a comida da mesa enquanto a pessoa virou as costas para pegar alguma coisa no armário (a distância do armário para a mesa é de no máximo 2 metros). Normalmente os animais selvagens tendem a evitar áreas com humanos, mas não aqui...


Point Reyes: Estamos sobre a falha de San Andreas! Ai se pode ver o que aconteceu antes e depois do terremoto de 1906: a cerca que antes era alinhada, agora se dividiu com a movimentação das placas tectônicas. 
A beleza aqui em Point Reyes transborda por todos os lados: inúmeros pássaros diferentes, lagartos, veadinhos e elks (alces) por todo lado e uma paisagem maravilhosa.

California Quail

Point Reyes: este é nosso último lugar antes de chegarmos em São Francisco! Nossa jornada de bike está chegando ao fim =)
Point Reyes

Point Reyes é nosso último ponto turístico antes do nosso destino final: São Francisco. Queremos passar uns dias na cidade conhecendo o lugar, mas estávamos um pouco preocupados com hospedagem. Cidades grandes como São Francisco não costumam ter campings e o albergues são bem caros, beirando os 80 dolares a diária para nós dois, muito além dos 10 dólares que temos pago em um lugar para ciclistas.
Por coincidência, quando tirávamos nossas bikes para sair do centro de informações turísticas, um moço muito simpático nos perguntou onde ele poderia pegar água. Conversa vai, conversa vem e mencionamos  nossa viagem de bike até São Francisco.
Moço: nossa, que inspiradora a viagem de vocês!  Eu moro em São Francisco!
Nós: que ótimo e você sabe de algum albergue por lá?
Moço: Não, mas vocês podem ficar em casa! temos 2 sofás lá!

Eba, que fantástico! Deus sempre coloca essas pessoas de ouro em nosso caminho. Pegamos o contato dele e combinamos de nos encontrar amanhã no fim da tarde.

Point Reyes
Olha o que achamos: wafles da Bauduco! e melhor ainda, a bolacha mais barata daqui: 50 centavos!

Point Reyes


Lagarto!

Reparem na textura dele e como ele se camufla bem na madeira...

Veado (ou elk, não tenho certeza)
Nojento né?

Não sei o nome desse aqui, sorry =(

Brewer's Blackbird

White-Crowned Sparrow

Mais tarde, no centro de informações turísticas do parque, assistimos a uma apresentação em 3D sobre dados gerais da terra, placas tectônicas, correntes marítimas, emissões de gases, etc. 
um globo branco recebia a imagem de 4 projetores nos dando uma visão 3D da Terra. 

Dados da imigração de alguns animais. Reparem no verde (um pássaro chamado Sooty Shearwater), como ele viaja bastante.