domingo, 10 de maio de 2015

61km pedalados: Victoria Island para San Juan Island, entramos nos USA enfim!

5 de maio de 2015



Nossa última noite no albergue em Victoria foi marcada por um cara muito estranho... Estávamos na área comum do albergue carregando nossos celulares e usando o WiFi quando um senhor na casa dos 50, muito magro e alto, de cabelo comprido branco, todo vestido de branco dos sapatos ao chapéu, entrou na sala. Eu já tinha visto ele antes com conversas estranhas com outros hóspedes então eu nem levantei a cabeça do laptop para cumprimentá-lo (muito bem educada e sociável, eu sei...). O Felipe, por outro lado, muito educado e sempre querendo puxar assunto com todo mundo, iniciou uma conversação:
Felipe: Olá, como vai?
o de branco: Vai indo..
Felipe: de onde você é?
o de branco: Pleiades
Felipe: ah no norte do Canadá? (pensando em Prairie, no Canadá)
o de branco: não, eu disse Pleiades
Felipe: ah não conheço, onde fica?
o de branco:  é uma galáxia logo após Andromeda.
ah!??

O melhor foi a capacidade do Felipe de  continuar a conversa como se o doido tivesse falado que era de Toronto hehehe. Eu continuei olhando para o meu laptop, dando uma risada contida sem levantar a cabeça. O Fe continuou conversando com ele e agora ele dizia que tinha ido até o Brasil, mas ele não gostava de países assim, que não avisavam dos perigos (ahh???). Parece que ele foi até o Acre, alugou uma moto e sofreu um acidente porque a lombada não estava pintada e ele saiu voando. Ele dizia: eu estava indo rápido, mas a culpa não foi minha, esses países tem de ter certeza de que os perigos são bem sinalizados! hehehhe se nossos problemas se resumissem só a isso tava bom... E eu  continuei olhando para meu laptop.
A conversa foi ficando mais e mais estranha quando ele começou a dizer que ele não era racista, mas que as raças não deveriam se misturar, que ele passou um tempo sei la onde e viu no que  deu a mistura dos colonizadores espanhóis e índios e que a população lá hoje tinha problemas psicológicos por não saber quem são. Nessa hora eu não aguentei, levantei minha cabeça do laptop, olhei para ele com uma risadinha como quem diz "você é um idiota"e disse: Eu sou brasileira, com sangue japonês por parte de mãe e com sangue italiano e português por parte de pai, não acho que tenho problemas de identidade...e o cara continuou defendendo o ponto dele, disse que acredita em raças puras da mesma forma que ele gosta de água pura e maçãs puras (ah!???), e concluiu dizendo que as raças não deveriam se misturar, porque senão no futuro não haverão mais brancos de olhos azuis. Nessa hora o Felipe disse a ele que diversidade genética e cultural nos faz mais fortes. Ele começou a falar da teoria da evolução, que foi comprada pelos alemães e era falsa e cheia de buracos, e esses buracos só eram explicados pelos aliens! (que!!????)

Nessa hora eu já estava passada faz tempo!


Depois da nossa última noite no albergue de Victoria, pedalamos 27 km para pegar a balsa para San Juan Islands, nos Estados Unidos. Ainda em Victoria, quando pegamos a ciclovia principal vimos um contador: 450 ciclistas já haviam passado por lá naquele dia (eram 8:40 da manhã) e 150 mil desde o início do ano.

contador de bikes em Victoria: 450 até aquela hora (8:40 da manhã) e 150 mil desde o início do ano.

Pegamos algumas ciclovias de madeira passando por cima da água. Bem legal...

um pedaço da ciclovia em Victoria, na verdade é mais uma ponte sobre o lago..

Fizemos a imigração para os Estados Unidos antes de pegar a balsa. Bem diferente do que estamos acostumados nos aeroportos, sempre com muita segurança . Lá, uma cerca de arame normal separava o território canadense do americano (mesmo ainda em terras canadenses, a imigração americana é considerada como terras americanas).
Estávamos pensando como seria passar com comida pela fronteira (via aérea é sempre bem restrito com relação a comida fresca, sementes, derivados de leite e carne...),mas foi bem tranquilo:
agente de imigração: comida?
Felipe: temos umas bananas
Eu: e o espaguete de ontem
Felipe: e arroz..

Ele nem esperou acabarmos a lista (que ia demorar heheh) e nos deixou passar, muito bom!

a cerca que divide o Canadá da imigração americana. Nada igual a segurança dos aeroportos

onde fizemos nossa imigração para os Estados Unidos

ao fundo, a balsa que nos levou até San Juan, EUA

oficialmente nos estados Unidos!

Em San Juan passamos em um centro de informações turísticas. Acho que ele está no emprego errado, porque ele não parecia gostar nada do lugar. Não nos recomendou nada para ver, mas nos indicou outra rota de bike para fazermos. O nosso livro-guia nos indicava a estrada que ia pelo norte da ilha, mas segundo o cara do centro de informações turísticas: as duas estradas são de pedra, já que vocês vão arriscar a vida de vocês, melhor arriscar vendo o mar! (ah!? que coisa para se falar para um ciclista que acabou de pisar na ilha!) mas nem era perigoso...esses americanos não tem senso de perigo de verdade!

Acampamos em um lugar lindo depois de o Felipe, pela primeira vez em 7 anos, se perdeu muito feio e termos que voltar uns 5 ou 6 km com várias subidas!heheh 

San Juan Island. Dali vimos alguns animais que pela distância não soubemos dizer se eram baleias ou doninhas (aqui é rota de baleias pela grande quantidade de comida disponível: trata-se de uma região de ressurgência e isso atrai muitos peixes, especialmente salmões e trutas. tudo isso junto torna-se um banquete no mar e atrai grandes mamíferos marinhos)

San Juan Island

Placa logo na entrada do camping: área de Tsunami

Enfim chegamos ao camping!  Bela vista com a chuva e graças a Deus, não estava chovendo onde nós estávamos =)

Camping em San Juan

Está um pouco difícil de ler a legenda, mas está escrito que essa parte do camping (que é a com melhor vista) só pode ser usada para quem chegou movido a energia humana! 
Mais alto, melhor para apreciar a vista =)

o banquinho que jantamos vendo o por-do-sol
E jantamos com esse por do sol! valeram as subidas e os quilômetros pedalados!
por isso eu prefiro acampar....
Único lugar do camping que pegava WiFi, um passo para a direita ou para a esquerda já não funcionava...e lá estava o Fe tentando...


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